Prémio da Família mais numerosa de Portugal | 1964


A 11 de Dezembro de 1964, os meus avós paternos deslocaram-se a Lisboa, ao Palácio do Presidente da República (Tomás Ribeiro) e sua esposa Gertrudes, para receber o prémio da Obra das Mães pela Educação Nacional que homenageava, em nome da Dª Gertrudes, a família mais numerosa de Portugal. Contava a minha avó, na altura, com 17 filhos, 15 vivos!!!!

Comemorava-se a 27ª Semana das Mães e pretendia-se prestar homenagem às mães que "mais filhos deram à pátria".

Foram escolhidas 7 famílias de Portugal Continental e ilhas, sete mães que deram à Nação mas também à pobreza, à guerra do ultramar e à emigração mais de uma dezena de filhos cada uma.

Conta-se na família, que chegou à aldeia (Gemeses | Esposende) um embrulho de tecido para fazer roupas novas para progenitores e 15 filhos, tal como, sapatos para toda a gente. Para muitos, os seus primeiros sapatos!

Deslocaram-se a Lisboa, bem vestidos e calçados, acompanhados pelo padre da freguesia e por uma freira das Escravas da Sagrada Eucaristia, num autocarro também enviado pela Presidência da República.

As mais de 80 crianças, foram recebidas na sede da O.M.E.N. com um espectáculo de variedades e um lanche e seguiram viagem para a Sala dos Azulejos do Palácio de Belém. Consigo imaginar o silêncio respeitoso que se fazia sentir.

Esta família, de pai lavrador, foi notícia em todos os jornais nacionais que a descrevem, pelas palavras dos homenageadores, como "família exemplar","de grande valor", "um exemplo para a nação".

Na época, como agora, reconhecia-se a importância de apoiar as famílias numerosas "na sua difícil missão" e apelava a Srª Condessa de Penha Garcia (ainda gostava de saber quantos filhos ela tinha) a todas as "entidades públicas e privadas que não só lhes façam justiça, materialmente, mas também as compreendam e respeitem". Na época, como agora, as famílias numerosas passavam dificuldades imensas.

Só muito tarde soube deste prémio e nunca tive oportunidade de falar com a minha família sobre ele. Ninguém parece muito receptiva às memórias deste dia, falta-me averiguar os motivos.

Teria gostado particularmente de ter conversado com a minha avó Alice. Aliás, agora que a gravidez vai avançando a minha avó Alice é uma das mulheres que gostaria de ter presentes, a quem gostaria de ouvir contar experiências... e quanta experiência!

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