A minha mensagem de Natal, com amor

Hoje, 24 de dezembro, termina o advento, 4 semanas de celebração e de reflexão sobre a nossa relação com os minerais, os vegetais, os animais, a humanidade, coroados, a 21 de dezembro com a celebração dos elementos, da escuridão e da luz.
Amanha, 25 de dezembro, começa o Natal que vai até dia 5 de Janeiro. 
O Natal são13 noites e 12 dias sagrados, em que somos convidados a trabalhar o  agradecimento, a instropecção, o desapego e o amor.
De 24 dezembro à noite (a primeira das 13 noites de Natal)  a 31 de dezembro, é-nos dada a oportunidade de meditar sobre as alegrias e tristezas de 2013: Quem somos? Quem queremos ser? Como tratamos a nós e aos outros? Que palavras utilizamos para descrever o mundo em que vivemos? O que transparece da nossa alma em cada palavra e acção?  O que nos afasta de nós, dos que amamos, do amor? É tempo de observar atentamente.
A 31 de dezembro, estamos a metade da viagem meditativa, a viragem, o recomeço. 6 noites meditativas em que me me aproximo de mim. Que pensamentos, acções e reacções quero deixar em 2013? Que emoções, sentimentos, pensamentos, palavras, quero cultivar em 2014?  O que posso fazer para atingir os meus objectivos?
Segue-se o dia de Reis, o baptismo de Cristo, dia de celebração, de reforço de intenções, de expansão.
É uma época de crescimento interior, de mergulho em si e nos seus que é mais extensa e mais profunda do que nos habituamos a percepcionar.
Especialmente quem tem crianças, pode experienciar o dar incondicional e regalar-se com as suas reacções exuberantes às mais simples manifestações de amor. É tanto o que temos a aprender com as nossas crianças...
Se ainda não mergulhaste no espírito natalício, convido-te a fazê-lo, durante os dias sagrados que agora se iniciam. É um convite ao auto-conhecimento, ao amor e, para mim, ao silêncio pois é o silêncio, a capacidade de não comentar, não argumentar, não julgar, concordar ou discordar, que quero cultivar em 2014.
Quero também, agora e em cada novo dia que se avizinha, reiterar os votos de amor ao meu marido e filho. Um Novo Ano de conhecimento mútuo, 365 novos dias para amar. Ainda bem que estão na minha vida!
Aos meus pais, avós e ancestrais, o meu mais profundo agradecimento por me terem dado a vida e por me terem apoiado, sempre, de todas as formas e com todas as ferramentas de que dispunham. Sem vocês, nem eu nem o meu filho estaríamos aqui.
Aos meus familiares, os presentes e os ausentes, o meu agradeciento por viverem aqui e agora, comigo. Sinto muito amor e vontade de aproximação. São 24 tios e tias, mais de meia centena de primos e primas, de todas as idades e  muitas personalidades, espalhados pelo mundo... como eu gostava de partilhar com vocês os meus dias, sorrir e chorar convosco... 
A todos os amigos e amigas agradeço o tempo que me dedicaram e que ainda vão dedicar.
A todas as pessoas que me lerem,  desejo um período de Natal cheio de novas descobertas e um ano Novo repleto de concretizações e amor.
Com amor,
Cátia Maciel

Plufff, desapareceu. E agora?

Desde que fui mãe, conheci n mães, umas mais, outras menos, experientes do que eu - e isto, apesar de parecer estranho, é independente no número de filhos.

Muitas delas são idealistas, ou baseiam-se em alguma ideologia para alicerçar a sua identidade materna - e de mulher -  outras, procuram, na teoria, a melhor forma de criar o mais perfeito ser humano possível.

Poucas, vão experimentando o que mais sentido lhes faz de forma a gerir  o quotidiano com tranquilidade e alegria. 

Destas últimas, nenhuma pode dizer que não tenha caído - varias vezes - na armadilha da preocupação, comparação, expectativa, nem que jamais se tenha dedicado à inútil analise de cusalidade do tipo " nasceu assim vai ser assado", " "come - ou não come - disto vai ser aquilo", "depende agora para ser independente depois", "é mais ou menos x ou y do que o filho da Maria da esquina porque eu fiz/sou/dou desta e daquela maneira e ela não" ... e por aí a fora.

 Isto leva, quase sempre, a um angustiado " ohhh coitadinha de mim e da minha prole" ou a um soberbo " ohhh coitadinhos de todos eles, que boa que eu sou".

Vezes há em que o " que boa que eu sou" se disfarça de "que maus são todos eles/elas".

Há medida que o puerpério vai passando, arreigam-se as certezas, as diferenças, consolidam-se os conhecimentos teóricos, desperdiçam-se milhares de minutos em quezílias, leituras, visionamento de filmes, encontros de pares e tantas outras actividades sobre as nossas crianças que pouco mais fazem do que afastar-nos das nossas crianças.

Um dia, e esse dia chega sempre, a criança que nasceu de parto perfeito, foi ao medico "assim", foi amamentado, fraldado, adormecido, alimentado "assado", acorda e diz "EU SOU", " EU QUERO" e a mãe percebe que aquele bebé perfeito - fruto da mãe perfeita - plufff, desapareceu!

Ficam "apenas" dois seres humanos perfeitos na sua imperfeição, como todos os outros, independentemente da forma como nasceram, mamaram, comeram, dormiram...

E, aqui começam os verdadeiros desafios:

Que relação se construiu com a criança?

Que díade formamos - com cada um dos nossos filhos - quando nos despimos de teorias, certezas, expectativas e quezílias com o mundo?

Estamos preparadas para ser mãe da criança real, a que está aqui e agora?

Tenho encontrado várias mães frustradas, mergulhadas na incompreenção pois o bebé que "nasceu na Índia, num parto sublime, agora nem sequer mama" ou o bebé que "Mamou em livre demanda, dormiu sempre com a mãe... chega aos 3 anos e recusa ir para a escolinha"... não foi para isto que se esforçaram  tanto pois tão?

Tanto investimento num parto na água, tanta guerra com o "sistema" contra as vacinas, contra o açucar, os berços e os gadgets, tanta dor de costas do sling e pano não deviam ter como resultado um filho mais seguro, saudável, dócil, educado e independente do que os outros?

Racionalmente responderás que "não, claro que não" mas, desafio-te a olhares mais fundo e tentares descobrir que sentimento ou sentimentos, que medos, culpas, inseguranças podem estar a ser o verdadeiro combustível das tuas práticas? O que necessitas provar e a quem? Contra quem lutas? Por que lugar na organização social e familiar te sacrificas? Que vazio veio preencher esse filho ou filhos?

Só respondendo a estas - e outras - questões, com honestidade, podemos criar com amor em vez de criar com sacrifício.

O sacrifício é independente da criança que temos nos braços, é um modo de vida a que nos agarramos - sem perceber - que nos permite sentir valiosas e úteis, que nos conferem o lugar de boa mãe, boa esposa, boa filha, boa mulher. 

Se há uma mártir - a que se sacrifica - há um carrasco. Quando nos mantemos no sacrifício não podemos ter como expectativa um ser humano equilibrado pois estamos a criar  um carrasco. 

Há quem veja o carrasco estampado no rosto do recém nascido que não mama, no bebé que morde a mãe, na criança pequena que grita sem razão, no menino ou menina mal educado e agressivo, no pré-adolescente indecifrável e problemático ou que rejeita a identidade da mãe, as suas crenças e práticas.

A criança sente a nossa ambivalência, o nosso martírio e sacrifício não expresso e sacode-nos até que o possamos ver ou até que a relação parental expluda, libertando-nos do sacrifício.

O teu carrasco, onde está?