Permacultura




“O curso de permacultura mudou a maneira como eu vejo o mundo e me vejo a mim”. A frase está na página principal do Instituto de Permacultura de Santa Fé (EUA) e muitas mais deste género podem ser encontradas por essa Internet fora. Mas o que faz as pessoas mudarem o estilo de vida para passarem a viver em permacultura? E antes disso: afinal, o que é a permacultura?
Para começar, definições práticas. “Permacultura é um sistema de design ecológico para a sustentabilidade que envolve todos os aspectos da actividade humana. Ela ensina a construir casas naturais, cultivar a nossa comida, restaurar ecossistemas e paisagens, apanhar água da chuva, criar comunidades e muito mais”, explica o mesmo instituto norte-americano. Em traços gerais, imitar a natureza e fazer com que cada variante deste sistema produza mais do que consuma. “É um método prático de desenvolvimento ecologicamente harmonioso, eficiente e de sistemas produtivos que podem ser usados por qualquer pessoa, em qualquer lugar”, escreveu a revista dedicada ao tema, Permaculture Magazine.

Quem vive em permacultura denomina-se permacultor... Outra definição, para ajudar: “Eu sou permacultor, ou seja, uma pessoa que está inserida numa cultura permanente. Tenho uma terra onde planto imensas árvores e tenho um contacto com a terra o mais sustentável possível”, disse ao Planetazul, em Novembro do ano passado, o músico dos Blasted Mechanism e professor de permacultura Valdjiu. Já na altura, Valdjiu confirmava a afirmação retirada do instituto de permacultura com que iniciamos o texto. “Nunca mais és o mesmo, nunca mais. É uma ferramenta para a liberdade”, exclamou, referindo-se a um curso de iniciação à permacultura que ministrou em Portugal.

Mudar de vida significa não só começar a comer o que a terra lhe dá (e com práticas agrícolas correctas), aplicar os princípios da construção sustentável ou usar energias renováveis. Mas implica também assumir valores não palpáveis como a educação ambiental e responsabilidade social.

O início

Tudo começou nos anos 70. Bill Mollison, ex-professor universitário australiano, decidiu fugir à desenfreada sociedade de consumo (o que faria ele agora...?) e percebeu que a fauna e a flora estavam também a desaparecer à velocidade que a sociedade se modificava. Em parceria com David Holmgre criou uma solução para que se deixasse de consumir os recursos desenfreadamente.

O conceito foi evoluindo e, como nem só de agricultura vive o homem, Mollison estendeu o conceito a outras partes indispensáveis para nos mantermos por aqui: arquitectura, engenharia, em geral, inovação.

O alargamento da abrangência reflectiu-se também no termo adoptado para a designar. Do inicial “agricultura permanente” (permanent agriculture) passou para cultura permanente (permanent culture).
Onde se faz?

Pelas razões óbvias, é mais fácil viver em permacultura na aldeia (campo) do que na cidade. Também é mais fácil aplicá-la num grupo do que individualmente. Uma das eco-vilas mais conhecidas, que se rege pelos princípios da sustentabilidade social e ambiental, é a Crystal Waters, criada por Max Lindegger nos anos 80. Esta eco-vila, com cerca de 200 habitantes, já foi inclusivamente distinguida pelas Nações Unidas com uma inserção no Top 40 das Melhores Práticas em Ambiente.

Processo contínuo, experiência de vida. Viver em harmonia com tudo que o rodeia. Estes serão os lugares comuns que se pode enumerar quando se fala de permacultura. Agora, espalha-se pelas redondezas das grandes cidades, esconde-se nas varandas dos apartamentos. Em Portugal, há organizações, cursos e comunidades (veja o artigo a publicar sexta-feira, dia 10). Já chega até aos telejornais. Resta saber até onde vai crescer.

http://www.planetazul.pt/edicoes1/planetazul/desenvArtigo.aspx?c=2276&a=18798&r=37

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