Viver e aprender a viver.

Idealmente não existiram creches. Para mim, o ideal ser viver numa sociedade construída à escala humana, onde os bebés e crianças são bem-vindos e acompanham os adultos em todas as suas tarefas.

O que vejo é uma sociedade construída numa escala sobre-humana, onde tudo é perigoso, onde os objectos são mais importantes do que as crianças, onde é quase impossível fazer-mo-nos acompanhar dos nossos filhos no dia-a-dia, onde o trabalho/consumo/dinheiro marcam as regras do mundo dos adultos (ou das pessoas ditas em idade activa) e todos os que não são capazes de produzir são expulsos para ambientes artificiais onde ficam confinados entre pares. Das crianças pequenas dizemos que estão a socializar, das mais crescidas que estão a aprender. A aprender o quê? A aprender a viver? que ironia não é, um mundo onde em vez de se viver se aprende a viver (quem disse isto, o John Holt?). Ou a aprender a ser mais caladas, mais subservientes, mais trabalhadoras, mais rentáveis?

Depois de n anos a socializar e a aprender entre miúdos da mesma idade, ficamos N anos confinados em empregos com pessoas da mesma idade para depois irmos descansar para outras instituições (lares, casas de repouso...) com mais pessoas da mesma idade.

Aos lares o meu sogro chamou de "salas de espera da morte". Pelo menos em relação a estes já não utilizamos eufemismos. São o mesmo que são as creches e as escolas mas como confinam quem já deu tudo o que tinha a dar para o triângulo da morte (trabalho/dinheiro/consumo) não há mais necessidade de engodos.

Pode ser por isto que tudo nas creches e nos infantários parece (ou parece a alguns)tão desajustado... mas isto sou só eu que, às 3 da manhã, já estou demasiado cáustica.

partilha que fiz no grupo Mães em Transição: https://www.facebook.com/?ref=logo#!/home.php?sk=group_141410039256299&ap=1

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