Estou, oficialmente, em ruptura. Help!

quanto mais leio, falo, penso e sinto as dicotomias existentes entre escolas formais, alternativas e não escola, opções bio e químicos, vidas tribais/ comunitárias e sociedade individualista, partos naturais e medicalizados, mulheres empoderadas e sociedades masculinizadas, dualidade ser/ ter e tantas outras, mais encurralada me sinto. 

É verdade que hoje dormi mal, estou cansada e sinto-me em baixo de forma e talvez por isso me esteja a sentir também tão derrotada. 

Ando na rua e vejo as pessoas apressadas, mal humoradas, a correr a pé ou cada uma fechada no seu carro. 

Vejo trabalhos inúteis a serem feitos como o do senhor que cola anúncios publicitários para que se compre mais um carro, mais um computador... do revisor do autocarro que passa multa a quem não pagou bilhete para se poder deslocar numa imensidão de casas e ruas poluídas, feias, barulhentas e criadas apenas com o propósito de aglutinar mais e mais pessoas junto aos seus locais de trabalho. Ruas onde já não se pode andar a pé, cidades grandes onde tudo é distante e onde é obrigatório trabalhar para pagar o transporte que nos leva mais longe e faz tudo parecer mais perto.
Sempre trabalho e mais trabalho, fere-me o coração ver o homem e a mulher que, tristes e mal humorados, trabalham no supermercado, no call centre, no jornal, no escritório, no departamento governamental, no hospital, na escola que, no final do mês, lhes fica com o salário, sim, porque tudo pertence sempre aos mesmos. Senão, como explicar que 10% da população tenha mais de 90% da riqueza? Que escravatura!!! Pagar para se deslocar nas ruas barulhentas, feias e sujas, pagar para viver nas casas pequenas (quando não são também frias e feias), pagar para comer e beber os químicos que nos vão matar, pagar para nos entupirem de anúncios publicitários a porcarias nas quais vamos, quais robots, gastar o tal dinheiro fruto do trabalho mal humorado e suado. Trabalhar e pagar, trabalhar e pagar... todas as porcarias desnecessárias que, aos poucos, nos alienam.
E as crianças, não há, estão todas fechadas nos seus espaços ridiculamente artificiais e cheios de tudo o que "formais" e "alternativos" entendem ser bom para o seu desenvolvimento porque os pais, coitados, tem que trabalhar para pagar a escola, o computador e o carro maiores e melhores, para poderem trabalhar mais e mais depressa. 

Trabalhar para pagar o champô, a comida, o perfume, os detergentes, os móveis e todas as outras m#%#% entupidas dos químicos que, silenciosamente, nos matam. Trabalhar para pagar a casa inacreditavelmente cara que nos mantém perto do local de trabalho ou inacreditavelmente grande e bonita que nos faz sentir “bem na vida”. 

Trabalhar para ser Dr, engenheiro, ou apenas para não ser considerado inútil pois só quem trabalha (e recebe dinheiro) pode ser “algo” na vida. Sim, porque viver não é suficiente, é necessário ser algo aos olhos dos outros e, claro, ter dinheiro.

Socorro, não quero mais. Não quero mais anúncios, mais apelos ao consumo, mais carros, mais casas, mais químicos, mais crises, mais pessoas tristes e mal humoradas, mais e mais e mais e mais. Estou, oficialmente, em ruptura!!!!!!!!!!!!!!

2 comments:

  1. Acho que muitos nos sentimos assim um dia ou outro (ainda ontem pensei em várias coisas das que disseste aqui), temos que pensar que podemos mudar um bocadinho as coisas com as nossas atitudes, passá-lo para os nossos filhos e talvez um pouco para os que nos rodeiam, e quem sabe um dia, daqui a muitos e muitos anos, as coisas sejam diferentes. Eu acredito e tu?

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  2. Já somos duas.
    Disseste tudo...
    Mas cada um faz a sua felicidade, e por isso resta-nos o favor de nos fazermos felizes. Porque se isso acontecer, pode ser que contagiemos alguém à nossa volta e por sua vez essa pessoa contagie mais, criando uma corrente... seria bonito, não?
    bjs

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