Parto Activo - Movimento Internacional

Por Agnes Kodama, via Apoie a Obstetrícia - USP / Support Midwifes - USP

O dia em que Janet disse pela primeira vez “parto ativo” talvez tenha sido o mais importante da história da obstetrícia na Europa... desde o dia em que o médico francês Mauriceau assumiu o comando desse evento e colocou a mulher para parir deitada.

Michel Odent, obstetra francês, na Introdução do livro “Parto Ativo: Guia Prática para o Parto Natural” (1989, Ed. Ground).

Janet Balaskas, educadora perinatal (saúde na gravidez, parto e pós-parto), é a fundadora do movimento internacional pelo Parto Ativo. Pela primeira vez Janet Balaskas está no Brasil, e virá a São Paulo discutir sobre os movimentos de mulheres pela mudança no parto, em debate promovido pela Universidade de São Paulo.

Reconhecida como um ícone do movimento pela humanização do parto e nascimento, sua visita ao país acontece em boa hora. Recentemente, a divulgação da pesquisa Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado (Fundação Perseu Abramo, 2010. Disponível em http://www.fpa.org.br/sites/default/files/pesquisaintegra.pdf) revelou que 25% das mulheres sofrem algum tipo de violência institucional durante o atendimento ao parto. A violência obstétrica foi mostrada em toda sua crueza e teve grande repercussão na mídia, no meio médico e em órgãos públicos.

Ao mesmo tempo, a ameaça de fechamento do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, único no país, levou centenas de mulheres às ruas de São Paulo. Obstetrizes, enfermeiras e ativistas pela humanização do parto manifestaram-se nas ruas contra a recomendação administrativa, e embasaram seus argumentos nas melhores evidências científicas disponíveis, quais sejam: as obstetrizes favorecem o parto fisiológico de mulheres saudáveis, e, comprovadamente, estão associadas aos melhores resultados maternos e neonatais.

Na próxima quarta-feira, dia 20 de abril, às 9h30, Janet Balaskas estará na Faculdade de Saúde Pública da USP para compartilhar com o público suas boas experiências com o movimento de mulheres em defesa do Parto Ativo. O início desta história nos remete à Londres de 1982, quando cerca de seis mil pessoas foram às ruas contra a imobilização das parturientes no leito, as episiotomias de rotina, e outras intervenções dolorosas e antiquadas. Há quase 30 anos, na Inglaterra, com liderança de Janet Balaskas, o movimento organizado de mulheres conseguiu acabar com práticas obsoletas e agressivas no parto (como o corte da vagina, a proibição de acompanhantes e a imobilização física das mulheres) que ainda atormentam as mulheres brasileiras, fazendo do parto um evento médico doloroso e induzindo-as para a cesárea anestesiada.
O MOVIMENTO INTERNACIONAL POR MUDANÇAS NA ASSISTÊNCIA AO PARTO
Hoje às 9:30
Faculdade de Saúde Pública - USP Av. Dr. Arnaldo, 715 - São Paulo - SP

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