Enquanto adultos, condicionados a viver rodeados de "coisas", sentimos necessidade de encher o dia-a-dia dos nossos filhos de brinquedos e parafernálias várias que teriam por objectivo entreter mas cujo resultado prático é afastar os mais novos do que é realmente importante.
Ao enchermos a vida dos nossos filhos de "coisas", estamos a impedir que estes desenvolvam a sua capacidade de se entreter com recursos próprios, estamos a contribuir para que, tal como nós, sejam dependentes de estímulos exteriores para serem felizes.
Para um bebé, o realmente importante é explorar o seu corpo e seguir os movimentos, conversas e expressões faciais dos adultos. Haverá no mercado um boneco capaz de ser mais interessante do que a descoberta de um pé ou da língua? Haverá musicalidade mais perfeita do que a voz humana? Não, para um bebé não há mas, ainda assim, enchemos as suas vidas de coisas que fazem muitos barulhos diferentes, tem muitas luzes e ficamos contentes por estarmos a contribuir para o seu bem estar!
Um bebé conhece o mundo através do tacto (e da boca, claro), pelo que, podemos ter 1001 bonecos diferentes mas se forem todos nos mesmos materiais - geralmente plástico e pêlo sintético - estaremos a limitar a experiências sensoriais dos nossos filhos. Por isso mesmo, um tecido ou um ramo de uma árvore podem ser muito mais estimulantes do que o boneco da marca X ou Y.
Muitos bebés respondem à estimulação artificial e monótona fixando-se em pormenores como os fios que prendem os bonecos ou nas suas etiquetas. Queremos prova mais cabal de que os brinquedos são uma necessidade criada pelo mercado?
No caso do meu filho, todos os brinquedos, tecidos, caixas, sapatos, chaves, livros .... são interessantíssimos desde que: 1º estejam nas mãos de outra pessoa; 2º sejam novidade; 3º se possam saborear. Uma vez chegados às suas mãos, experimentados e metidos à boca passam a ser todos iguais, tanto faz ser o urso mais caro do planeta como o frasco do creme.
No caso das crianças, a capacidade de imaginar uma brincadeira e de a pôr em prática é muito mais satisfatória do que qualquer brinquedo, mesmo os mais complexos e/ou caros.
Sim, o mais importante para bebés e crianças não são os brinquedos mas as brincadeiras, tanto as que podem desenvolver sozinhos como as que preparamos com carinho para fazer com eles. Quem não ouviu falar de uma criança triste ou aborrecida dentro do seu quarto repleto de brinquedos?
É engraçado como ficamos contentes porque o nosso filho gosta particularmente deste ou aquele brinquedo. O contentamento que experimentados não passa de uma transferência - para o bebé/criança - da satisfação que nós - adultos - sentimos na posse de algo. Proponho que em vez de contagiarmos os nossos filhos com a nossa procura externa e incessante de conforto, nos deixemos contagiar com a sua capacidade de encontrar recursos interiores para o bem-estar.
Dois livros que podem ser interessantes (Disponíveis na Oficina Didática mapa):
BRINCADEIRAS CRIATIVAS PARA O SEU BEBÉ
Christopher Clouder e Janni Nicol
Mundialmente reconhecida, a filosofia educacional Waldorf, criada por Rudolf Steiner,
propicia o desenvolvimento do bebé e da criança de forma natural e holística, tanto no que se
relaciona à mente como no que diz respeito ao corpo. Esta abordagem é ideal para os pais que
querem mais para seus filhos do que a oferta constante da programação televisiva e de
brinquedos industriais e é uma óptima proposta para reforçar os laços afectivos da família. Este
livro traz técnicas para ajudar bebés dos 3 meses aos 2 anos a desenvolverem-se com
brincadeiras divertidas e imaginativas, e explicações passo a passo para fazer manualmente
mais de 20 brinquedos.
BRINCADEIRAS CRIATIVAS PARA O SEU FILHO
Christopher Clouder e Janni Nicol
A filosofia educacional Waldorf, criada por Rudolf Steiner, propicia o desenvolvimento da
criança de forma natural e holística, tanto no que se relaciona à mente como no que diz respeito
ao corpo. Esta abordagem é ideal para os pais que querem mais para seus filhos do que a oferta
da programação televisiva e de brinquedos industriais, e é uma óptima proposta para reforçar
os laços afectivos da família. Este livro traz técnicas que ajudam as crianças dos 2 aos 4 anos a
desenvolverem-se com brincadeiras divertidas e imaginativas, e explicações para fazer mais
de 20 brinquedos manuais.
Concordo plenamente contigo e esse é um dos tópicos "quentes" lá em casa. O meu marido acha que a moyinha tem brinquedos a menos (apesar de ter um bau cheio de bonecos e vários apetrechos electrónicos, enquanto eu acho que ela se diverte com base nos 3 pontos que referes. No outro dia estava rodeada de brinquedos mas passou a tarde a brincar com uma colher de pau e um copo de água: tirava e punha a colher e ria desalmadamente. hehehe!
ReplyDeleteVou já pôr os livros que dizes na minha wish-list!
que rapidez na resposta! :)
ReplyDeletecá em casa também ficamos confusos porque o apelo ao consumo, por vezes, consegue ser mais forte do que aquilo que sabemos estar certo. às vezes até parece que se o miúdo não tem N brinquedos e um quarto colorido onde os enfiar, somos menos pais do que os outros.