As linhas de alta tensão e a saúde das crianças

Escrito por Mário Cordeiro Terça, 16 Março 2010 |

Há alguns dias, uns pais pediram-me a opinião sobre a compra de uma casa, com excelentes condições, mas que estava debaixo de uma linha de alta tensão. Estavam em dúvida – gostavam da casa mas a linha gerava inquietação. Não existem certezas, mas há que pensar um pouco no problema. Aproveito para partilhar convosco algumas destas reflexões.

Desde há muito tempo que as linhas de alta tensão são objecto de preocupação em termos do seu impacto para a saúde das pessoas que passam um razoável tempo nas suas proximidades.

Aliás, o primeiro grande debate sobre o assunto teve lugar nos EUA, precisamente num mediático processo judicial relacionando a maior incidência de leucemia em crianças com as linhas de alta voltagem ou alta tensão.

Desde então centenas de estudos têm sido feitos, mas talvez devido à dificuldade em estabelecer uma nítida e definitiva relação causa-efeito, os resultados são por vezes contraditórios. Ainda recentemente, o New England Medical Journal, uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo, publicava um estudo em que se negavam efeitos negativos para a saúde, enquanto outra das grandes revistas médicas, o British Medical Journal, revelava um em que se afirmava o contrário.

A SAÚDE…OU A DOENÇA

Há ou não risco de se viver, ou estar muito tempo, perto dos circuitos de linhas de alta tensão? Como referi, a Ciência ainda não conseguiu dar uma resposta definitiva, o que não quer dizer que o risco não possa existir.
O maior factor de risco é representado pelos campos electromagnéticos gerados pelas linhas, os quais não podem ser blindados, ao contrário dos meramente eléctricos.

Cientistas de vários sectores têm chamado a atenção para o perigo que estes campos podem criar – sobretudo nas cidades, em que estão no subsolo -, para a «estabilidade» do ser humano – não apenas no aparecimento de cancros, abortos espontâneos (há quem fale num aumento de 5% do total de grávidas), malformações congénitas e outras doenças, mas também no sono, humor, resistência ao cansaço e noutras valências que perturbam a qualidade de vida sem serem propriamente ‘doenças’.

Numa criança, o efeito pode traduzir-se por tristeza, perturbações do sono (certos estudos referem baixa da produção de melatonina, a hormona do sono), insucesso na aprendizagem, entre outras. Alguns estudos referem uma maior taxa de depressão, outros falam de irritabilidade e agressividade. Mas sendo situações que têm a ver com factores pessoais e ambientais, tantos e tão vastos, é sempre difícil, se não mesmo impossível, relacionar directamente as duas coisas em termos de causa-efeito.

Fonte: http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/mario-cordeiro


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