Pediatras, saúde e vacinas


Com 3 meses e meio de atraso, lá fomos nós à consulta de pediatria dos 12 meses. Foi uma consulta interessante pois reiterou a minha certeza de que não valia a pena lá ter ido para saber que está tudo bem.

Esta sensação de que a consultas de pediatria não são necessária acompanha-me desde que o S. nasceu mas o pai costuma perguntar "preferias que o S. ficasse doente ou tivesse algum problema para justificares os XX euros gastos na consulta?"

Inegavelmente, gosto muito do pediatra, do seu sentido prático e do respeito que demonstra por todas as nossa opções, logo, justificam-se os XX euros pelo facto de lhe poder telefonar sempre que o S. tiver algum problema e fazendo consulta a distância gratuita. Como o próprio médico observou, em 15 meses, isso apenas aconteceu duas vezes mas, como mais vale prevenir, temos asseguradas consultas telefónicas "gratuitas" até aos 24 meses (data em que ficou agendada a próxima consulta).

Se me pedissem um conselho sobre pediatras seria este o mais importante "encontra um pediatra que atenda sempre o telefone - ou devolva as chamadas/mensagens - porque o mais provável é que o teu filho esteja saudável em 100% das consultas pagas a preço de ouro mas seguramente vai ter febre, prisão de ventre etc... e vais-te encontrar, num sábado às 3 da manhã, sem saber como lidar com a situação. Encontra um pediatra para o qual possas enviar um sms ou telefonar, todos 365 dias por ano e que te oriente por telefone, sem custos adicionais."

Mas, se desejarem saber o que eu penso da necessidade de "ter um pediatra"? aí já poderei dar uma resposta muito diferente:

- Na minha opinião e com base na minha experiência, o importante não é "ter um pediatra" o importante é adoptar hábito promotores da saúde. Necessitamos de um médico se estivermos doentes, só e exclusivamente se estivermos doentes. Tudo o resto se situa no campo da saúde e raros são os médicos (incluindo pediatras) capazes de nos orientar no sentido da promoção da saúde. Se queres um filho saudável, investiga, pesquisa, partilha experiências e práticas com outro pais, tira cursos de remédios caseiros, cursos de alimentação... o que achares importante para te empoderares e te tornares tu o responsável pela saúde da tua família. Deixa os médicos (pediatras incluídos) para quando estiverem doentes.

Infelizmente, nunca me perguntaram sobre a necessidade de ter pediatra. Perguntam-me sempre qual o melhor pediatra.

E como correu esta última consulta?

Muito bem, ficamos a saber na última consulta de pediatria que o S. é mais gordo do que alto; fígado ok; baço ok; reflexos ok; ouvidos ok; olhos ok; pele impecável; cabeça grande; fontanela fechada; 10 dentes; já anda e corre; coração forte; sistema respiratório excelente; bom sistema imunitário; entende o que lhe dizem; não fala porque não é estimulado (nem vai ser porque não tenho perfil para andar a massacrar a criança com sorrisos parvos e a gritar "diz mamã", "diz papá"; faz-se entender por outras vias que não a verbal (sons e gestos); sortudo porque tem a mãe em casa; sortudo porque o pai concorda que a mãe esteja em casa; sortudo porque mama; sortudo porque não foi atingido por nenhuma das doenças do 1º ano; sortudo porque tem um excelente sistema imunitário.

E porque é que explicito tudo isto sobre o estado de saúde do S.? Porque me parece importante dar o nosso testemunho sobre o que consideramos serem práticas promotoras de saúde. Sei que algumas são muito controversas mas os resultados falam por si.

"mais gordo do que alto"

Sendo verdade que o S. é, nas palavras no médico "mais gordo do que alto", também é verdade que não faz parte do, cada vez maior, grupo de crianças "redondinhas". O S. é pesado e robusto mas não gordo. A sua alimentação foi, por ordem de introdução e frequência:

- até aos cinco meses e meio: leite materno exclusivo. Sem água, sem chá, sem absolutamente mais nada;

- dos 6 aos 12 meses: a) leite materno (360.000 vezes por dia); b) legumes cosidos; c) fruta crua; d) cereiais integrais; e) iogurte de cabra; f) carne ou peixe (1 x semana);

- a partir dos 12 meses: a) leite materno (260.000 vezes por dia); b) cereiais integrais; c) carne ou peixe (para meu desconsolo, quanto mais lhe derem mais come); d) legumes cosidos; c) fruta crua.

O S. nunca comeu nada que tivesse açúcar/mel/ sacarose/ dextrose ou qualquer outro sucedâneo de açúcar. Nem iogurtes, nem chá para bebés, nem papa, nem bolachas, biscoitos farinhas várias. Muito menos gelados, sobremesas, chupa-chupas, chocolate.

A alimentação sua alimentação é quase 100 bio, não refinada (por ex. trigo integral ou espelta em vez de trigo branco; pão de centeio em vez de pão branco; arroz basmati em vez de arroz branco).

Nunca bebeu nenhum tipo de leite em pó nem nenhum leite de vaca.

"pele impecável"

Estou 100% segura de que o facto de nem o S. nem eu ingerirmos leite de vaca contribui para que a sua pele seja saudável. 0% açucar, 0% produtos derivados das vaquinhas e muito ómega 3, muitas vitaminas sob a forma de alimentos frescos e bio e, claro, o leite materno também ajudam.

Os nossos hábitos de higiene são bastante diferentes dos da maioria das crianças portuguesas e, ao contrário do que tantas vezes me disseram, os resultados revelaram-se bons:

- toma banho 1x por semana (quando toma) e sem qualquer tipo de produto. Só água morna, sem champoo, sem gel de banho, sabonete. Nada, só água;

- passa a maioria do tempo sem fralda, quando tem que usar fralda são de pano ou descartáveis biodegradáveis e de ingredientes naturais, de preferência biológicas. Nunca usou creme barreira, raramente usou toalhetes e se os usou foram também eles de ingredientes naturais. E não, não lavamos o rabinho todos os dias. Gastamos apenas uma embalagem de 44 fraldas por mês o que nos permite invetsir nas fraldas mais caras e nem sequer temos que "lavar o rabinho" todos os dias pois não anda ensopado nas suas próprias dejecções. A mãe de uma amiga dizia que o que fazemos aos nossos filhos é exemplificativo da forma como vivemos "pode estar tudo cheio de merda mas se estiver escondido dentro da fralda, está tudo bem".

A pele do S. teve a oportunidade de absorver todo o vernix (aquela substãncia que os envolve quando nascem e que muita gente diz ser "feia", "nojenta") o que deu uma maior capacidade à sua pele para, sozinha, equilibrar a hidratação natural. O primeiro banho do S. foi com um mês e, ainda hoje, o único hidratante que conhece é à base de óleo de sésamo bio (bem tolerado pela pele).


"coração forte" e "sistema respiratório excelente"

Muita rua, muito jardim, muito ar livre, muita praia, desde que nasceu. Muita vitamina D em forma de sol. Nada de passar semanas a fio fechado em casa, ou na creche.

Mais uma vez, a alimentação e amamentação fazem a sua parte.

"sortudo porque não foi atingido por nenhuma das doenças do 1º ano" e "sortudo porque tem um excelente sistema imunitário" - Para quem só quer ler sobre as vacinas (ou a falta delas), começa aqui

Não ter estado exposto a ambientes fechados, com ar condicionado, com muitas crianças juntas etc... contribuiu para esta ausência de doenças no primeiro ano de vida. Os genes e, mais uma vez, o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses e como base da alimentação e em livre demanda depois disso, também devem ter feito a sua parte. Seguramente, o facto de ter comido muita terra e areia, de andar descalço a maior parte do tempo sim, na rua também - de andar na rua com frio, chuva, sol e vento, de ter podido meter tudo e mais alguma coisa à boca, de não andar sempre desinfectado com produtos químicos, de viver numa casa onde loiças, roupas e superfícies são limpas com produtos bio também são responsáveis por este excelente sistema imunitário. Mas, não ter sido vacinado foi, na nossa opinião, igualmente importante.

Nós decidimos não vacinar o S. A única vacina que tem é a da tuberculose e apenas porque não fui capaz de dizer, na maternidade, que não a queria. Tivesse o parto sido em casa e o meu filho não teria sido picado, nem para as vacinas.

Também tem a primeira vacina das 3 que dão para a hepatite B, pelas mesmas razões. Decidimos descontinuar a profilaxia da hepatite B por acreditarmos que (simplificando) é inútil. Podia explicar demoradamente os porquês desta opção mas prefiro remeter @ leit@r para outras leituras que explicam tudo isto melhor do que eu.

Está comprovado que o excesso de limpeza e o uso de medicamentos, quando são desnecessários, afectam de forma negativa o desenvolvimento das crianças. Nunca uma febre ou uma diarreia do S. foi tratada com medicamentos e também não permitimos que o seu sistema imunitário em construção seja invadido pelos químicos e anticorpos contidos nas vacinas. Se nos for possível, optamos pela não vacinação. Se não for possível (por exemplo pela ida para a pré-primária) vacinaremos depois dos dois anos e meio, quando o sistema imunitário estiver suficientemente forte para as receber.

O pediatra, apesar de ser pró-vacinação, respeitou sempre a nossa opção e, na última consuta informou que, uma vez que já passaram 15 meses e que o S. nunca teve nenhuma doença, te um bom sistema imunitário, não vai para a creche, não necessita de nenhuma vacina contra virus - sarampo, varicela etc... - tem imunidade natural a tudo isso e se chegar a sofrer de alguma desas doenças será de forma leve e bastará a quarentena e muita paciência para que se recomponha.

Avisou-nos para termos cuidado com as bactérias - meningites e tétano - mas clarificou que uma meningite sendo diagnosticada a tempo e bem tratada, não apresenta riscos de maior. Quanto ao tétano, em caso de de feridas sujas, devemos limpar com água oxigenada porque as bactérias proliferam em ambientes sem oxigénio. Em caso de feridas profundas e sujas deveremos procurar um médico. Mesmo com a vacina do tétano, é importante procurar um médico quando a ferida é muito grande, logo, também aqui a não vacinação não é um problema.

E agora dizem @s céptic@s: "isso pode ser tudo, só coincidência"! Pois pode, mas eu prefiro acreditar que a minha saúde e a saúde os meus é mais da minha responsabilidade do que da responsabilidade do acaso. Mesmo que isso signifique que as doenças respiratórias de uma criança são da responsabilidade dos cigarros que os pais fumam; que a debilidade do sistema imunitário de é da responsabilidade do leite em pó e da falta de mama (leite materno), que os problemas de pele (exp eczema, dermatite) são da responsabilidade do leite de vaca e dos distúrbios emocionais a que a criança está sujeita, que a hiperactividade é da responsabilidade do açucar etc...

Também acredito que, sejam quais forem as condições previas, um ambiente familiar de amor incondicional (sem passar a mensagem, verba ou não, de "gosto de ti se..."), carinho, contacto físico, liberdade (sem restringir os movimentos da criança como, por exemplo, para não se sujar e/ou estragar os preciosos ornamentos da casa) ) tudo resolvem e falta destes, tudo pode destruir.

Um pouco mais sobre vacinas, aqui

Conheço muitos outros recursos. Quando tiver tempo farei um update. Entretanto peço a quem leia este post e conheça outros recursos que os partilhe connosco.

Bem hajam

4 comments:

  1. A maneira como cuidas do teu filho, como o descreves, revela verdadeiro amor e entrega. São os sentimentos que qualquer mãe digna do nome nutre pelos seus filhos. Mas não deves sentir pena ou desdém por quem tem outras opções (a maneira como escreves dá-me essa sensação). Nem toda a gente tem o privilégio de ficar em casa a cuidar dos filhos como nós. Mas todas temos o mesmo objectivo, fazer o melhor pelos nossos filhos, o mehor que sabemos e podemos. Um beijinho

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  2. Olá Marina,

    concordo a 100% com o que dizes. Daí considerar que o amor e o carinho são capazes de suplantar tudo. Futuramente terei mais cuidado para que os meus textos não transpareçam juízos de valor que não não existem.

    Escrevo de um local onde reina a perplexidade por constatar que, de facto, a saúde é mais fruto das escolhas alimentares, de higiene e ambientais do que dos genes, vírus e bactérias. Antes do S. nascer acreditava que teria que ir "by the book" para ter um filho saudável o que implicava, por exemplo, comprar produtos de higiene e alimentares na farmácia, vacinar, tomar medicamentos em 1001 ocasiões, introduzir os alimentos a partir dos 6 meses e por determinada ordem, dormir no berço para ser um jovem independente etc.... 15 meses depois, eu, o pediatra, os familiares e os amigos mais críticos, todos podemos constatar, que nada disso faz falta ou que, no nosso caso, nada disso fez falta.

    Parece-me importante partilha-lho com todas as mães que tem e/ou terão os mesmos medos e dúvidas que eu :)

    beijinhos e obrigada pelo teu comentário. vou fazer um update ao texto com esta informação.

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  3. Para estimular a falar basta falar com ele, contar histórias, dar nome às coisas,... Tudo isto é estimulo ;)

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  4. É de lamentar a existência de pessoas que não conheça a Especialidade nem a especificidade do Médico de Família.
    Este está preparado para o acompanhamento de todos os membros da família e esse acompanhamento é necessário quer na Vigilância de saúde quer em algumas doenças comuns.
    Esse acompanhamento é gratuito em todos os Centros de Saúde.

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