Fonte: http://tcaportugal.org/o-que-e-um-trabalhador-compulsivo
- Achamos difícil amarmo-nos e aceitarmo-nos. O trabalho tornou-se na nossa forma de obtermos aprovação, de encontrarmos a nossa identidade e de justificarmos a nossa existência.
- Utilizamos o trabalho para fugir dos nossos sentimentos. Desta forma, privamo-nos do conhecimento do que realmente queremos e precisamos.
- Trabalhando demais, negligenciamos a nossa saúde, os nossos relacionamentos, o divertimento e a espiritualidade. Mesmo quando não estamos a trabalhar, estamos a pensar na próxima tarefa. A maior parte das nossas actividades estão relacionadas com o trabalho. Privamo-nos da alegria de uma vida equilibrada e variada.
- Utilizamos o trabalho como uma forma de lidarmos com as incertezas da vida. Vivemos continuamente preocupados; planeamos e organizamos demais. Não estando dispostos a ceder o controlo, perdemos a espontaneidade, criatividade e flexibilidade.
- Muitos de nós crescemos em lares caóticos. Consideramos normais o stress e a intensidade. Procuramos estas condições no nosso local de trabalho. Criamos crises e, para as resolver, apanhamos “bebedeiras” de adrenalina por excesso de trabalho. Depois sofremos com as ressacas e ficamos ansiosos e deprimidos. Estas alterações de humor destroem a nossa paz de espírito.
- O trabalho tornou-se numa adicção. Mentimos a nós próprios e aos outros acerca da quantidade que fazemos. Acumulamos trabalho para garantir que estaremos sempre ocupados e nunca nos vamos aborrecer. Tememos o tempo livre e as férias e achamos que são penosas em vez de revitalizantes.
- Em vez de ser um abrigo, a nossa casa é uma extensão do nosso local de trabalho. A nossa família e os nossos amigos muitas vezes organizam o seu tempo connosco à volta do nosso trabalho, esperando em vão que o acabemos e nessa altura possamos estar com eles.
- Fazemo-nos exigências que não são razoáveis. Não temos consciência de quaisquer diferenças entre pressão imposta pelo trabalho e pressão auto-imposta. Planeando demasiadas coisas para as nossas vidas, tornamo-nos apressados, correndo contra o tempo, receando ficar para trás e trabalhando desalmadamente em certas ocasiões de forma a conseguir responder a essas exigências. A nossa atenção é fragmentada ao tentarmos fazer várias coisas ao mesmo tempo. A falta de capacidade para andar a passo conduz-nos ao esgotamento e ao burnout. Roubamo-nos a alegria da conclusão e do descanso.
- Tendemos a ser perfeccionistas. Não aceitamos que os erros sejam parte de se ser humano e temos dificuldade em pedir ajuda. Porque acreditamos que ninguém pode atingir os nossos padrões, temos dificuldade em delegar e por isso fazemos mais do que a nossa parte do trabalho. Pensarmos que somos indispensáveis prejudica muitas vezes o nosso progresso. Expectativas irrealistas muitas vezes frustram a nossa satisfação.
- Temos tendência para ser demasiado sérios e responsáveis. Toda a actividade que fazemos tem que ter um propósito. Achamos difícil relaxar e simplesmente ser; sentimo-nos culpados e inquietos quando não estamos a trabalhar. Raramente vivemos a experiência dos intervalos e da renovação porque na maior parte das vezes trabalhamos nos tempos livres. Negligenciamos o nosso sentido de humor e raramente gozamos do poder curativo do riso.
- Para nós, esperar é difícil. Estamos mais interessados em resultados do que em processos, mais em quantidade do que em qualidade. A impaciência distorce muitas vezes o nosso trabalho por não lhe concedermos o tempo adequado.
- Muitos de nós estamos preocupados com a imagem. Pensamos que parecer ocupado faz com que as pessoas pensem que somos importantes e que ganhemos a sua admiração. Procurando a aprovação pessoal nos outros, perdemo-nos a nós próprios.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE TRABALHADORES COMPULSIVOS
- É muito difícil descontrairmo-nos. Muitas vezes, senão sempre, temos necessidade de fazer só mais algumas coisas antes de nos sentirmos bem connosco próprios e nos permitirmos descansar. Quando completamos estas tarefas, encontramos só mais umas quantas que precisamos de acabar, e depois destas encontramos mais outras, ... Estes desejos incontroláveis resultam muitas vezes em trabalho compulsivo e frenético. Somos impotentes para controlar este padrão.
- Estamos tão habituados a fazer o que é esperado que façamos que muitas vezes somos incapazes de saber o que realmente queremos e precisamos de fazer para nós próprios.
- Muitas vezes sentimos que temos que acabar algumas tarefas apesar de não o querermos fazer; no entanto, temos receio de parar.
- Muitas vezes ficamos zangados por termos de acabar algumas tarefas quando preferiríamos descansar ou divertir-nos. Nestas alturas adiamos, normalmente chafurdando em auto-piedade e auto-crítica. Ficamos absorvidos pelos nosso “pensamento podre”, não nos conseguimos concentrar no trabalho que temos entre mãos e, mesmo assim, temos demasiado receio de o interromper por momentos a fim de nos concedermos o espaço de que precisamos.
- O nosso sentido de auto-estima é amplamente baseado na nossa percepção da forma como os outros avaliam o nosso desempenho no trabalho e noutras áreas da nossa vida.
- Muitas vezes pensamos que somos ou as pessoas mais inteligentes e capazes que conhecemos ou as mais incapazes ou inúteis.
- Para nós é difícil vermo-nos honestamente e aceitarmos quem realmente somos.
- Muitas vezes traímo-nos ao ceder a exigências de pessoas que percebemos como “autoridade”.
- Funcionamos a partir do modo de mini-crise, usando-o como um escape à vivência das nossas próprias emoções.
- Não experimentamos muitas vezes uma verdadeira serenidade.
- Temos um desejo obsessivo de perceber tudo nas nossas vidas, incluindo as nossas próprias emoções. Não nos podemos permitir experimentar emoções que não percebemos, receando perder o controlo.
- Temos um medo subjacente de que se deixamos de controlar e permitimos que as nossas emoções venham à superfície vamo-nos tornar nuns lunáticos raivosos para o resto das nossas vidas.
- Julgamo-nos pelo nossos feitos e por isso temos a ilusão que temos sempre de estar no processo de fazer algo que valha a pena, de forma a sentirmo-nos bem connosco.
- Não podemos sentar e simplesmente ser.
- Muitas vezes entramos em bebedeiras intensas de trabalho com a ilusão de que precisamos da admiração dos nossos colegas de trabalho e dos nossos chefes para nos sentirmos OK.
- Temos a ilusão de que as pessoas gostam mais de nós se parecermos mais competentes do que na realidade somos.
- Muitas vezes, quando somos elogiados por outros, temos a tendência de considerarmos que não somos dignos desse louvor.
- Temos a tendência para programar mais do que aquilo que podemos, acreditando que as pessoas gostarão mais de nós e fizermos mais coisas e mais depressa.
- Muitas vezes somos desonestos acerca das nossas experiências passadas e das nossas capacidades actuais, tendo a tendência de não mencionar as nossas falhas e de exagerar os nossos sucessos. Acreditamos que as pessoas não nos respeitarão ou não gostarão de nós tal qual somos.
- Sofremos por dentro.
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