Quando
o meu filho nasceu dediquei-me ao estudo etnográfico da primeira
infância, andei perdida na etno-pediatria, etno-psicologia e outros que
tais. Afinal, o puto dormia todo o dia e eu adorava estar colada a ele e
ler.
Esta vossa conversa fez-me lembrar que na sociedades
tradicionais, tanto nas que já se extinguiram como nas que existem
actualmente em África, Polo Norte, Austrália e floresta Amazónica, os
homens vão à caça e as mulheres ficam na aldeia encarregues das
crianças. Quando os homens regressam não integram ritmo da aldeia de
forma imediata, as mulheres preparam-lhe um espaço - ao ar livre ou
dentro de uma das estruturas habitacionais, caso chova - para eles se
sentarem, em silêncio, a descansar e contemplar o fogo.
Depois de o "guerreiro" ter o seu merecido descanso, as mulheres
aproximam-se com as crianças e os alimentos preparados. Se uma das
crianças faz muito barulho ou chora durante a refeição, a mãe dessa
criança levanta-se a afasta-se com ela até que se acalme, ninguém lhe
grita, ninguém a educa com repreensões. A criança pode necessitar de
atenção dirigida, ter sede, fome, querer fazer xixi, evacuar, ter alguma
dor, estar sobre-excitada com alguma coisa que esteja a acontecer no
grupo... qualquer uma destas necessidades se resolve com algum tempo de
afastamento com a mãe, atenção e logo regressam tranquilamente.
Os homens ocidentais modernos já não vão à caça mas continuam a ter
necessidade de se sentar a contemplar o fogo, em silêncio e entre
homens. Continuam a ter necessidade de ser cuidados, amados, acarinhados
mas, em nome da igualdade de género - e na minha opinião em nome do bom
funcionamento do mercado de trabalho - o que recebem quando chegam a
casa é um rabo com cocó para lavar, uma refeição para fazer e um chão
para varrer, sozinhos e sob o olhar crítico da mulher que teria feito
tudo muito mais rápido e melhor, se não estivesse estafada, sacrificada
pela sua amada vida profissional.
O senhor que escreveu o
artigo anda à procura do seu momento de contemplação - no café - fora da
sua aldeia, sozinho, ressentido no meio de outras tantas pessoas, sem
tempo nem espaço para SER, sozinhas e ressentidas.
o artigo em questão, e que eu nunca li, é aquele a que este se refere
http:// locaishabituais.blogspot.pt/ 2013/01/ quem-tem-filhos-pequenos-ha-de- estar.html
Soam-me a um um bando de crianças aos gritos surdos,
Um diz "não educas bem os teus filhos"
Os outros respondem "quem és tu para nos apontar o dedo?"
O que leva o primeiro a acusar e os restantes a defenderem-se raivosamente? Ninguém parece questionar...
Gratidão ♥ *•.¸Paz¸.•♥•.¸Amor¸.•♥•.¸Sabedoria¸♥ •.¸Prazer¸.•♥•.¸Alegria¸.•♥•.¸¸ Vida
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