O meu relato de parto - O parto esperado


Depois de muitos meses de preparação para o paro, a vida surpreendeu-nos e tudo de desenrolou de forma autónoma e sem ter em conta todos os nossos planos, leituras e certezas.

42 semanas e um três dias depois da possível data de concepção, nasceu o Sebastião.

Sabemos que a data prevista para o parto não passa de uma suposição que que só 5% dos bebés nascem na data prevista sendo que a maioria nasce depois desta data (especialmente se for primeira gravidez).

Sabíamos que não queríamos um parto com indução e epidural e por isso queríamos esperar apelo início atural do trabalho de parto. Esta espera não estava delimitada pelos constrangimentos das datas previstas e sempre comsideramos que o Sebastião, até às 42 semanas de gestação, podia nascer.

Quando pensamos em 42 semanas consideramos diversos estudos médicos e evidências científicas que consideram um bebé de 42 semanas um bebé de termo e não um bebé pós-termo como muitos médicos nos querem fazer acreditar.

Toda a minha gravidez foi acompanhada na Maternidade Magalhães Coutinho e às 39 semanas já se falava em indução, pelo que, interrompi as consultas obstétricas. Aliás, estas consultas limitavam-se a exames rotineiros de peso, medida da pressão arterial e CTG que em nada contribuiam para o bem estar do meu filho. Nunca nas consultas a enfermeira ou médica me tocou na barriga, indicou a posição do bebé, peso aproximado ou sequer mediu o útero. Considero que todos estes procedimentos trariam resultados muito mais interessantes e importantes do que o CTG da praxe (até porque o resultado do CTG agora pode não ser válido daqui a 20 minutos).

Interrompidas as consultas, contei com a experiência da parteira que nos acompanhou em casa e nos deu todas as informações necessárias de uma forma mais tranquila.

Até às 40 semanas de gestação as consultas com a parteira e o acompanhamento da doula foram sempre muito tranquilizadoras, esperava-se um bebé com cerca de 3500 kg, saudável que iria nascer a seu tempo, num ambiente seguro, de preferência dentro de água e com a presença de profissionais competentes, do pai, da mãe e de uma terapeuta e amiga muito especial.

Segundo os nossos planos, o Sebastião iria nascer em casa, afastado das infecções hospitalares, de químicos, de pessoas desconhecidas, com a possibilidade de conhecer o cheiro e o leitinho maternos antes de ser submetido a medições e testes vários.

Tomamos esta decisão a pensar no que seria melhor para o nosso filho e contra o status quo, pelo que, tudo se desenrrolou, com muita pena nossa, quase em segredo.

A maternidade Magalhães Coutinho menteve-se sempre como o local de reforço no caso de acontecer algum imponderável e... o imponderável aconteceu!!!!!!!!!!!!

Durante a gravidez tive a oportunidade de participar em círculos maternos e grupos de discussão sobre a gravidez, parto e maternidade onde conheci muita gente interessante, muita gente experiênte e muitas mulheres grávidas que, como eu, estavam a tomar as suas decisões relativamente ao parto. Muitas dessas mulheres optaram, como eu, pelo parto em casa com a mesma parteira que nós escolhemos.

Infelizmente, nem sempre os partos em casa correm da forma que esperamos e o facto de se ter planeado tudo muito bem não significa que as coisa aconteçam como previsto. Este verão, um desses partos foi mais difícil do que o esperado e todo o reboliço que se fez na comunicação social em torno do assunto dexou-me cheia de dúvidas e medos.

De repente, no dia em que comecei a sentir as contracções mais fortes, comecei também a receber telefonemas de pessoas amigas que tendo lido horrores sobre o parto domiciar na revista Caras se sentiram na obrigação de nos alertar para os potenciais perigos da nossa decisão.

Nas últimas duas semanas de gravidez seguiram-se os telefonemas de amigos e familiares bem intencionados que queriam desesperadamente saber se "havia novidades" (como se telefonarem fosse acelerar o processo e fazer o bebé nascer de imediato, pelo contrário, deixa a mãe muito mais nervosa e bloqueia tudo). Na última semana e meia de gravidez, juntaram-se a estes sempre numerosos telefonemas as discussões on-line e até os programas de TV sobre o parto domiciliar e muitas foram as vozes críticas sobre o assunto.

Uma semana e meia depois da polémica, o nosso trabalho de parto continuava parado, senti a minha relação com a parteira que havia escolhido "esfriar", também a minha confiança na minha capacidade para parir e nas suas reais possibilidades de me apoiar no meio de tanta confusão esmoreceu até que desapareceu por completo.

Decidimos por isso regressar ao início e recorrer à Maternidade. Depois de tomada a decisão, ainda esperamos mais dois três pelo início do trabalho de parto e o Sebastião ainda conseguiu adiar o seu nascimento mais um dia tendo por isso ultrapassado as 42 semanas de gestação.

Acredito que, pelo medo e confusão, acabei por bloquear o meu trabalho de parto e retirar ao meu filho a possibilidade de nascer num ambiente que lhe permitisse conhecer o mundo de uma forma menos agressiva do que a que se vive em partos hospitalares, especialmente os que, como o nosso, são artificialmente provocados.

No entanto, não me culpabilizo pelo sucedido e procurei, com o apoio incondicional do pai, dar ao nosso filho a melhor experiência possível.

1 comment:

  1. Olá querida!
    Eu quis-te ligar durante essas semanas que antecederam o nascimento porque fiquei preocupada precisamente com o que pensarias com todo o reboliço à volta da A.S., mas não tinha o teu numero e por um lado, até foi bom porque poder-te-ia ter baralhado ainda mais.
    Fazes bem em exorcizar o que se passou: ajuda a pôr as coisas em perspectiva. Já deu para perceber que não chegou aos calcanhares do parto que vocês desejavam... Depois se quiseres postar sobre o assunto, para mostrar os prós e contras da tua experiência hospitalar, eu pelo menos, gostaria de ler.
    No entanto, também gostaria de saber mais sobre o Sebastião, e é nele e nas alegrias que ele vos dá que te deves concentrar agora!
    Se precisares de falar, ou tirar alguma dúvida, contacta-me! Beijos, moya (moyinhazinha@gmail.com)

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