Sobre viver e ter filhos em Lisboa e do orgulho nacional nos equipamentos pré-escolares

Temos que criar as melhores condições para que as pessoas se fixem na cidade e para quererem viver e educar aqui os seus filhos” Quem o diz é o próprio António Costa, pena que para atingir tal objectivo tenham como estratégia única construir Jardins de Infância. E todas as outras dimensões da vida das famílias na cidade, Sr. Presidente? É que, para estar fechado todo o dia num jardim de infância, tanto faz viver em Lisboa como noutra cidade qualquer!

"Por sua vez, José Sócrates congratulou-se com o facto de Portugal se encontrar acima da média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) no que respeita à quantidade e qualidade da educação pré-escolar." Ex. Sr. Primeiro Ministro, Será que temos mais equipamentos de educação pré-escolar porque as famílias portuguesas mal sobrevivem com dois salários a tempo inteiro e por isso mesmo é que necessitam de colocar as suas crianças, 7 horas por dia, 7 dias por semana, ao cuidado de terceiros? Nos países da OCDE, colocar os filhos, todo o dia, numa creche, não é a única solução possível. As soluções de cuidados formais à primeira infância, em equipamento de educação pré-escolar, a tempo parcial, ou, em casa da criança por educador especializado, ou em casa do educador, ou por familiar remunerado, entre outras, não são desconhecidas na maioria dos países da OCDE, muito menos, as licenças parentais alargadas que permitem que as crianças fiquem em em casa, com a mãe ou pai, até aos 3 anos. Claro que, para que estas sejam verdadeiras opções, os salários devem ser adequados e a sociedade deverá estar preparada para integrar as crianças no seu quotidiano.

Não tenho nada contra os equipamentos pré-escolares, o meu problema é com as soluções de sentido único.

Já agora, duas interrogações: se temos mais e melhores equipamentos do que a média da OCDE, o que fazem os outros aos filhos enquanto vão trabalhar todo o dia? e, se os equipamentos pré-escolares fossem a única solução viável para o saudável desenvolvimento do ser humano, não seria de esperar que, pelo menos os nórdicos, tivessem um dos tais equipamentos em cada esquina? Estes nórdicos pá...., que mania de ser diferente, andam de bicicleta, só querem agricultura bio, não querem TGV nem Euro e agora também não constroem creches para os putos?! Não se percebe como é que são tão felizes!

Porque os dados, per si, não dizem nada e o que importa é a leitura que se faz dos mesmos, aqui fica: http://www.oecd.org/statisticsdata/0,3381,en_2649_34819_1_119656_1_1_1,00.html

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