Muita novidade para digerir

A Sofia, do "Aqui há bebé", escreveu mais um texto sobre o co-sleeping que me levou a escrever um comentário. O comentário alargou-se tanto que ficou um texto e, entretanto, decidi copiar o mesmo para este blog.

Aqui ficam as interrogações com que tenho andado entretida:

olá,

devo dizer que a primeira vez que li sobre co-sleeping foi no "Aqui há bebé" e não consegui conter a indignação: "então agora estão aqui a dizer tudo ao contrário do que deve ser?".

Depois, pensando melhor, decidi pesquisar. São aos milhares as referências à partilha da cama com os filhos e até a OMS o recomenda.

Estou a tentar recolher informação útil sobre o assunto e vou começar agora a ler o Continuum Concept (Jean Liedlof) e espero que esta seja a pedra de toque que vai deitar por terra todos os pré-conceitos que eu tinha sobre educação.

Sinto-me como se tivesse caído de repente num mundo que desconheço e no qual não ainda não me oriento muito bem.

Eu pensava, entre muitas outras coisas, que os filhos só se podiam ter nos hospitais (ou espaços similares) porque nos nossos dias já não se justifica que seja de outra forma.

Pensava que os bebés deveriam dormir no seu berço desde o primeiro dia e no seu quarto, no máximo, até ao 6º mês de vida.

Estava segura de que ter um bebé a dormir com os pais era negligência e que até podíamos matar o bebé com o nosso peso.

Podia garantir que devíamos dar de mamar de 3 em 3 horas (ou algo do género) e alternar a maminha mesmo quando o bebé parece querer continuar a mamar da mesma maminha.

Pensava eu que bebés e fraldas estavam sempre associados. Estava mesmo convicta que era impossível criar um bebé sem fraldas. Pior ainda, nunca tinha pensado em tal possibilidade!!!!!!!!!

etc..., etc...

Assim, de repente e sem pré aviso, fico a saber que afinal:

- já faz sentido ter os bebés em casa. Isso mesmo, na nossa sociedade, com todos os cuidados pré-natais, ecografias, cudados e atenções, já faz sentido ter os bebés num ambiente acolhedor pois os riscos são menores do que os partos domiciliares do sec XIX (foi só um exemplo).

- Dormir com o bebé não só não é mau como é recomendado. Os laços entre pais e filo estreitam-se, as mamadas tornan-se mais fáceis para mãe e filho, os bebés tornam-se menos rígidos, irritadiços etc... ainda não sei muito sobre isto mas continuo a aprender.

E sabem que mais? As mamadas de 3 em 3 horas podem ser responsáveis por muitos dos problemas da amamentação. A criança deve poder mamar quando sentir necessidade. Assim sendo quando mais próximo o corpo da mãe esta estiver, melhor. É também por isso que se transportam os bebés em panos e slings. Não é só porque é giro!!!!

Quanto às fraldas, há muito quem opte pela chamada higiene natural e consiga mesmo que o bebé utilize o pote em vez das fraldas. Em contextos onde não abundam os tecidos e os plásticos imagino que esta nem sequer seja uma opção mas sim um hábito tão "natural" como nós utilizarmos as fraldas.

Agora, pergunto eu, mesmo sabendo que estou a optar pelo que faz mais sentido, mesmo sabendo que a minha intuição diz ser o correcto, como é que vou conseguir dar conta de tanta novidade? Como é que vou conseguir aplicar tudo isto? Terei disponibilidade para estar tão próxima do meu filho? E, especialmente, como vou conseguir explicar aos outros estas opções que parecem tão excêntricas, tão non-sense, tão negligentes?

O que diz a vossa esperiência sobre estas questões? Quem já experimentou/vivênciou estas práticas pode dar dicas úteis?

Obrigada a tod@s e obrigada Sofia por ter sido a primeira pessoa a chamar a nossa atenção para este novo mundo.

4 comments:

  1. Olá, Cátia! Acho que a resposta aqui é simples e vem em duas partes:
    1a - não tens de explicar nada a ninguém: só deves contas ao teu marido e ao teu filho.
    2a - sobre o dar conta de tudo, acho que é importante, como conversámos, não ser radical e seguir os nossos instintos quando percebemos que algo vai mal. Às vezes o que planeámos como teoria não é praticável simplesmente porque não contámos, na equação, com a personalidadezinha do alien que está para chegar - o meu, por exemplo, sempre detestou dormir na mesma cama que nós, porque estávamos sempre a virar-nos e isso mexia no espacinho dele.
    Cada bebé é uma pessoinha singular, e acredita que, ao fim e ao cabo, quem dita as regras são eles!
    Um beijinho grande, manda notícias!

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  2. Olá Cátia,

    A ideia não é "ditar novas regras" mas sim incentivar as mães/pais a agirem de acordo com o seu instinto sem se sentirem culpados. Sem se sentirem obrigados a ser rígidos e cumprir escrupulosamente determinadas regras, quando isso apenas lhes causa angústia e constrangimento...

    A ideia é que desta forma seja mais fácil e se "descompliquem" as coisas, não que os pais andem preocupados porque "agora tenho que fazer assim".
    É mais fácil esquecer o relógio e amamentar quando vemos que é preciso, é mais fácil deixar o bebé dormir perto de nós do que nos levantarmos 5 vezes durante a noite... (só para dar um exemplo)

    Quanto aos outros, nem sempre é fácil, temos que ser realistas... mas se nós acreditarmos nas escolhas que fazemos, torna-se mais fácil que os outros vão acreditando em nós também. Ainda que demore algum tempo...

    :)

    um beijinho

    Sofia

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  3. Sabe aquela história de que ser mãe é natural e instintivo? Sim e Não. SIM - Somos mamíferas, nossos corpos sabem gestar, parir, amamentar e maternar, já nascemos com toda a aparelhagem para isso. NÂO - Perdemos contato com tudo que é "natural e instintivo" da comida que comemos, aos nosso cotidiano, até o modo em que morremos. Então é preciso re-lembrar e re-aprender o que já é natural e até ler estudos científicos para lembrar que as coisas mais simples, o que não se pode comprar, são as mais importantes para bebês E adultos - respeito, respirar, colo, carinho, toque, proximidade, brincar na terra, cereais integrais ...

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  4. Olá meninas,
    o comentário da Alessandra fez-me reler este post. Parece que passou uma eternidade :)

    "Descomplicar" tem sido a palavra de ordem por estes lados. Tudo o que parece muito difícil ou que "magoa o coração" não serve para nós. Por exemplo, amamentar de X em X tempo e alternando os peitos é muito complicado por isso, desde que nasceu, o bebé mama quando quer, no peito que quer e durante o tempo que quer. Agora que é mais velho também mama onde quer e na posição que quer. Outro exemplo de como descomplicamos as coisas, dar banho ao bebé todos os dias é muito complicado e por isso optamos pelas "lavagens aleatórias" i.e. quando calha e quando nos apetece.

    Realmente quem "dita as regras são eles". Eu estava preparada para amamentar em exclusivo até aos seis meses mas aos 5 meses o meu filho já queria comer e beber, atirava-se ao meu prato cheio de energia. Acabei por alterar radicalmente a minha alimentação para que ele possa comer sempre o mesmo que eu. Agora não como alimentos com açúcar (ou qualquer outro adoçante) nem sal, bani todos os alimentos refinados (trigo, arroz branco...) e cerca de 95% da minha alimentação é biológica. São raras as excepções a esta dieta e isto fez de mim uma pessoa mais saudável. Nunca havia imaginado que isto fosse acontecer :)

    Quanto às vozes discordantes, só mesmo lendo o que escrevi para me lembrar que alguma vez pensei que existiam. Até agora, temos recebido só amor e compreensão de toda a gente com quem nos cruzamos. É verdade que as pessoas mais velhas tendem a comentar que "o menino está sem sapatos, vai ficar doente" mas se lhes perguntamos com que idade começaram a andar calçados a conversa toma logo outro rumo e ficamos a saber que, afinal, andar descalço e brincar na terra é bom.

    beijinhos

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