Eu pouco sei sobre estas coisas e preocupa-me o que terei que fazer quando o dia chegar mas, penso que há algumas estratégias que podem ajudar.
A primeira dica: tratar as crianças como pessoas e não como crianças. Isto é, como falaríamos com um adulto se não nos agradasse alguma coisa que ele estivesse a fazer? É dessa forma que devemos tratar as nossas crianças. Agora, talvez tenham aqui o mesmo problema que eu... quando não me agrada algo que um adulto esteja a fazer, viro costas para não ter que lidar com o assunto e com um filho não posso simplesmente virar costas. Talvez seja por isso que acabamos por gritar, arregalar os olhos e fazer caras feias aos miúdos? Talvez seja por não sabermos como ser assertivos que acabamos por não conseguir comunicar com os nossos filhos de forma não violenta e ainda por cima ficamos com remorsos? Se assim for, somos nós que temos um problema a resolver e não os miúdos...
A segunda dica: dizer sempre o que queremos e não o que não queremos. Caricaturando, ao dizer "Filho/a, não vás para a rua!" Sabemos lá se eles ouve só "rua" e pensam, "olha que boa ideia, vou para a rua". O melhor é dizer, "Filho/a fica no passeio" (esta dica preciosa veio daqui).
A terceira dica: Amor incondicional. Não devemos dizer coisas como "feio/a" ou "mau/má" porque fazermos coisas feias não nos torna pessoas feias. Mas também não devemos dizer que um/uma "lindo/a menino/a" quando faz uma coisa boa porque isso é tão condicional como as palavras negativas. Isto é, fazer uma boa acção, que foi comentada por terceiros, não torna uma pessoa boa. Se assim fosse, isso significaria que quando não estão a fazer boas acções que sejam comentadas pelos pais, eles são maus. Pelo menos é assim percebem as coisas e toca a agir em conformidade. Esta ideia percebe-se melhor quando explicada pelo autor da obra Inconditional parenting e este resumo que a M. me enviou é mesmo muito bom.
A quarta dica: Quando os miúdos estiverem numa daquelas birras dignas de serem filmadas, devemos pensar numa forma de lhe mostrarmos o quanto os amamos sem ter que dizer nada. Eles fazem birras quando estão cansados, doentes aborrecidos etc.. e não porque são maus e tem que der "domados", "condicionados", "limitados" etc... há uma mãe que teve uma ideia gira para se lembrar sempre de mostrar aos filhos o seu amor.
Quinta dica: assumir que os nossos filhos são manipuladores e que necessitam de limites impostos é assumir que as suas "crises" não passam de dramatização. Será que uma criança tão pequena é capaz de elaborar um pensamento de uma complexidade tal que consegue "representar" só para nos irritar? Ou será que a criança está de facto em stress e é a nossa função encontrar e solucionar a verdadeira causa do stress e não a sua manifestação? Se ela faz birra porque está cansada de uma viagem de carro ou porque passou muito tempo sem ver a mãe, não adianta fazer-lhe cara feia mas também não adiantaria dar-lhe o objecto cuja falta parece ter provocado a birra. Acredito mesmo que a repetição da resposta desadequada (seja o grito ou dar o suposto objecto) é a responsável pela criação dos padrões de comportamento dos quais não nos conseguimos livrar em adultos.
Obrigada pelo comentário, Cátia ;-) reconheço alguns pontos com os quais me identifico no teu post (em especial o falar pela positiva e nunca lhe chamar má ou feia), mas isto de conhecer a teoria é muito mais fácil do que aplicar na prática. Eu nunca pensei ter de me zangar com ela ou ter de lhe dar umas palmadas na fralda, mas o estabelecer limites é super importante para eles. O que nós fazemos muitas e muitas vezes é distraí-la da situação para ela parar o que não devia estar a fazer. Mas isso também não pode perpetuar-se porque o que lhe estamos a dizer é que há sempre outra distracção e, um ou dois dias depois, ela vai tentar novamente arrancar as folhas da planta, mexer no caixote do lixo ou subir para cima do aquecedor! Um dia tem de haver uma resposta em conformidade com as sua acção, para ela saber que não é só dizer 'não mexe', mas sim que não se pode mexer mesmo. A minha filha olha-me de lado quando faz uma coisa que sabe que não pode, mas depois de a repreendermos, fica a sentir-se tão 'culpada' que vem toda doce pedir colo e fazer coisinhas engraçadas para nos rirmos. É muito difícil encontrar este equilíbrio, eu sei que às vezes não faço o mais correcto (para quem?), mas posso garantir que faço o meu melhor.
ReplyDeletebeijinhos
ora, o ideal seria isto:
ReplyDeletePedido
Peço para fazeres o que te pedi, apenas e só, se puderes fazê-lo com a alegria de uma criança a dar de comer a um pato esfomeado.
Peço para não fazeres o que te pedi se tiveres a mais pequena ponta de medo de seres castigado se não o fizeres.
Peço para não fazeres o que te pedi para comprares o meu amor, isto é, achares que te amo mais se o fizeres.
Peço para não fazeres o que te pedi se te sentires culpado se não o fizeres.
Peço para não fazeres o que te pedi se te sentires envergonhado se não o fizeres.
E certamente, peço para não fazeres o que te pedi por alguma sensação de obrigação ou dever.
-Marshall B. Rosenberg (http://familiasfelizes.com/blog/index.php)
Mas parece que estamos muito longe de viver num mundo ideal :)
Sem culpas, todos os pais do mundo (exceptuando os casos patológicos) dão o seu melhor e, para os nossos filhos, nós somos mesmo os melhores :)