Esta semana, em visita ao hospital, fui parar à sala de espera e de brincadeiras, do serviço de oncologia pediatria. Enquanto o S. explorava todos aqueles brinquedos, @s menin@s iam e vinham para as consultas.
Uma das famílias chamou-me a atenção pois o menino, de bomba de respiração (não sei como lhe chamar) na mão, ia respirando para o aparelho enquanto brincava tranquilamente.
De cada vez que o S. fazia um movimento mais ruidoso, a mãe do menino - que tinha uns 5 anos - gritava algo como "Para quieto!"; "Não faças asneiras!"; "olha que eu bato-te!"; "Olha que levas!", "Já aqui à minha beira, imediatamente!";
Eu, constrangida, lá me levantei e disse que o menino estava muito tranquilo, era o meu filho que andava a atirar com as coisas.
A mãe, com um ar muito piedoso, olhou-me e disse "não faz mal, é normal, ele é pequenino!" e continuou aos gritos com o filho "já te avisei, põe isso no lugar"; "quando chegares a casa, vais apanhar!"
Fiquei a olhar e a imaginar que perguntava a esta mãe "Porque é que não atira este ao lixo e manda vir outro?"
Quando contei ao pai do S. o sucedido, ele deu a mesma resposta sem sequer saber que esta me tinha passado pela cabeça.
PARTE 2
Esta manhã, na loja do meu pai entrou uma menina de 6 anos para tirar fotografias.
Logo à chegada a mãe da menina diz, com um tom de voz muito irritado: "já chegamos tarde porque esta miúda está doente, passou a semana toda sem ir à escola. Nem fomos à piscina!"
Durante os minutos que estiveram na loja, repetiram-se as reprimendas "porta-te bem"; "está quieta", "não vás para aí!"; "fica aqui quietinha"; "ai a rapariga, não para quieta, já não chegou estares a semana toda doente e eu em casa a aturar?".
Com uma gargalhada, o meu pai perguntou:
- Vocês, ao virem para aqui, não passaram pelo Rio Leça?
- Passamos - respondeu a mãe meio confusa.
- Então porque que é não a atirou da ponte? Assim já ficava quietinha.
Não tenho a mesma tranquilidade que o meu pai para dizer estas coisas, mas que me passam pela cabeça, lá isso passam. Quem sabe a idade me dá alguma sabedoria para consegui intervir em defesa de crianças que estejam nestas situações e ao mesmo tempo mostrar empatia para com a mãe/pai que estão a dar o seu melhor?
No site Natural Chil Project há reflexões muito interessantes sobre o que em inglês se chama de "advocate fo children". Agora não tenho tempo para pesquisar quais são os artigos mas fica o link para quem desejar saber mais: http://www.naturalchild.org/
Se conhecerem outras referências sobre este tema, enviem que serão muito bem vindas.
P.S. O S. está cheio de vitalidade e saúde, a visita foi mesmo só visita.
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