Sobre o tempo de qualidade

"Mais vale uma hora de qualidade do que..."

Do que o quê? Pergunto eu? Será que a nossa passagem pela terra é tão longa que nos podemos dar ao luo de andar a desperdiçar horas? Que nos podemos dar ao luxo de separar "horas de qualidade" e "horas sem qualidade", metendo- umas e outras em saquinhos etiquetados, para os quais olhamos resignadas como se a passagem da mediocridade à qualidade não estivesse nas nossas mãos?

A vida é mais simples do que parece (ou do que nos querem fazer acreditar), muitas vezes essa tarnsformação está apenas no nosso olhar.

Todas as horas dos nossos dias, todos os minutos e segundos dos nossos dias, são de qualidade. Podem não ser da qualidade que desejaríamos mas cabe a nós, e só a nós, transformar as nossas horas, minutos e segundos, reinventa-los para que tenham a qualidade que acreditamos merecer.


Cada minuto que vivemos, cada segundo que vivemos, é menos um minuto, menos um segundo que vamos viver.

Todos vamos morrer, é bom lembrarmo-nos disso todos os dias, todas as horas, todos os minutos e segundos das nossas vidas.
Não digo lembrar, com medo, digo lembrar com respeito e gratidão pelas horas, dias, minutos e segundos que já vivemos e pela hora, minuto e segundo que estamos a viver agora.
Eu e a minha família, merecemos 24 horas por dia, 365 dias por ano, de tempo de qualidade. Todas as mulheres, mães e famílias do mundo merecem que todo o tempo, que estiverem vivos, seja de qualidade.

Algumas pessoas, devido a variadas circunstâncias, não podem ter esse tempo. A maioria das pessoas, porque acredita  que não merece mais ou melhor, agarra-se à certeza de que vale mais uma hora boa do que muitas más e segue em frente, sem se aperceber que, as restantes 23 horas do dia, na companhia dos seus filhos, serão tão boas quanto o investimento e o amor que lhes dedicarem.

Esta fuga em frente não é uma fuga das horas sem qualidade, é uma fuga de si. Muitas vezes empreendo esta fuga de mim. Felizmente cada vez são mais os segundos, minutos e às vezes horas inteiras que estou presente, totalmente entregue em investimento e amor naquilo em que acredito ser importante.

4 comments:

  1. Esta história do "tempo de qualidade" com os filhos, acredito que é mais uma das "tretas" que a sociedade capitalista nos tenta impingir... é bom lembrarmo-nos como todos os segundos são importantes, sim! Obrigada :) Bjs

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  2. "tempo de qualidade" é algo que algumas pessoas repetem (provavelmente mais para se convencerem a si próprios que aos outros) para justificarem as preferências que fazem na vida.

    "Eu trabalho 10 a 12 horas por dia como Advogada/Empresária/empregada de limpezas, Etc... mas por dia passo 30 minutos de grande qualidade com os meus filhos"

    Algumas preferem trabalhar muitas horas, outras precisam trabalhar muitas horas... acredito que fazendo trabalho de qualidade, mas depois sobra pouco tempo para o resto das "coisas"... coisas as quais continuam também ter direito à tal qualidade, ainda que uns escassos 30 min.
    Que no primeiro caso às vezes é uma fuga porque tomar conta de crianças dá trabalho e supostamente emburrece e no segundo caso por culpa de não se conseguir estar mais tempo.

    A minha dúvida qd oiço isso é:
    Eu sou mãe 24 horas por dia, isso faz de mim alguém que dedica ao meu filho tempo sem qualidade???? Só lhe conseguiria dar a tal qualidade que tanto se fala se trabalhasse fora de casa sabe-se lá quantas horas?

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  3. Despois de trabalhar 7, 8 ou mais horas, nâo estam cansas para oferecer tempo de qualidade?? Nâo têm nada no que pensar? Nada que fazer na casa? Lavar, cozinhar, etc? Nâo acredito que o tempo que as mâes com trabalho remunerado ofereçam tempo de melhor qualidade, e as crianças valoram a presência, nâo o estado. Eles desejam quantidade!! E na quantidade está a qualidade

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  4. Às vezes dou por mim a pensar que pena tenho de as mulheres terem deixado de acreditar nas suas capacidades inatas...gerar, parir, amamentar, nutrir, criar...
    Tenho amigas que dizem não saber como eu aguento os meus dois filhos 24h sobre 7 dias por semana, porque elas na maioria dos fds chegam ao final da hora de almoço de sábado pelos cabelos e com vontade de os ir despejar na instituição mais próxima do bairro. Não sabem que por abdicarem dos filhos para outros que os moldam nas suas crenças e atitudes tudo se torna mais difícil. Deixam de conhecer o ser que lhes habitou o ventre, ao ponto de muitas vezes se tornar um verdadeiro estranho que habita em casa. Uma hora de qualidade por dia não chega para os filhos, não chega para o casal, não chega para a família... Se calhar é por isso que se fala tanto em famílias disfuncionais... deixou de lá estar o elo fundamental de ligação de todos, a mulher, a mãe.
    Se uma hora de qualidade é assim tão boa, será que o patrão também se contentava só com uma no lugar das 8...Vai na volta era mais produtivo, pelo menos para a família ;-)

    Luísa

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