O Mundo nasce ao ritmo do coração


Obrigada Sofia or me trazeres para casa o que há muito eu evitava ver, partos, partos e mais partos.

Obrigada Naoli por me pores perante dores, gritos, suor, sangue, tudo ao som de um batimento cardíaco fortíssimo que me fez cortorcer de ... medo? antecipação?

Obrigada a tods as mulheres que se debatem pela humanização do parto. Sem vocês, sem o vosso trabalho, e sua divulgação, nunca teria reunido tanta informação, nunca teria sabido tanto sobre o parto, a sua importância enquanto transformador do eu, enquanto possibilidade de superação para qualquer mulher, homem, cada novo ser.

Agora sei que os bebés conhecem o seu caminho e que a maioria pode nascer sem cortes, costuras, soros, medicamentos.

Agora sei que cada mulher encerra em si o potencial de parir e de superar a dor do parto, de se deixar guiar pela dor do parto para fazer nascer o seu bebé.

Agora sei que que faz um parto são as mães e não o pessoal médico. O pessoal médico assiste ao parto e deve intervir em caso de necessidade.

Agora sou capaz de pensar, dizer e escrever a palavra PARIR, sem receios, sem subterfúgios.

Sei agora que nos incutiram o medo do parto, a vergonha de sequer pronunciar o verbo parir.

Afastaram-nos de tal forma do acto de parir que o primeiro parto que conhecemos é o nosso.

Afastaram-nos de tal forma das nossa inata capacidade de ser mulher que nos entregamos de corpo e alma nas mãos de terceiros, ignoramos completamente a nossa força, coragem e sabedoria naquele que pode ser o momento mais importante das nossas vidas.

O medo e a ideia de que temos que nos anular para sermos boas mães, imperam. O parto representa, actualmente, no universo feminino, o auge da escravatura do medo.

O universo feminino encontra-se assim dilacerado, raras são as mulheres que ousam questionar os seus partos, os procedimentos a que vão ser ou que foram sujeitas.

Raras são as mulheres que partilham os procedimentos associados aos seus partos como se de um assunto tabu se tratasse. Como se o parto hospitalar (como o conhecemos actualmente em Portugal) fosse um dogma e o seu questionamento um sinal de fraqueza, um sinal de falta de preparação para a maternidade e as suas agruras, a sua escravatura.

Pois bem, parto é dor mas há várias formas de vivênciar a dor.

Nem todas as sociedades, nem todas as culturas vivem o parto da mesma forma medicalizada, dramática e sofrida que nós.

Em plena Europa, muitas são as diferenças nos recursos disponibilizados às mulheres antes durante e depois do parto.

No sul de França há hospitais onde as muheres são massajadas com óleos essenciais como forma de aliviar a dor durante o parto e de relaxamento no pós parto. Em Inglaterra, o serviço nacional de saúde, recorre á acunpunctura e hipnose com forma delívio da dor. Em Espanha existem casas de parto onde as intervenções médicas só surgem em caso de estrita necessidade, onde o parto não é doença. Na Alemanha um bebé sentado no ventre materno é rodado por uma parteira especializada até chegar a uma posição em que lhe seja possível atravessar o canal de parto. Na Holanda os bebés nascem em casa, o serviço nacional de saúde incentiva o seu nascimento em casa onde as bactérias a que estará exposto são as da sua família e não as das pessoas doentes e dos sistemas de ventilação potencialmente contaminados de um hospital.

Em todos estes países e muitos mais, durante o parto, as mães são acompanhadas com vozes de incentivo e não com gritos e palavras bruscas (como é frequente nas nossas maternidades).

Em muitos locais do mundo (mas mesmo muitos) as orientações da Organização Mundial de Saúde são respeitadas e por isso as mães, durante o trabalho de parto e parto, podem estar acompanhadas pelos seus entes queridos (e não apenas 1), não são raspadas, cortadadas, anestesiadas, alimentadas a soro, obrigadas a evacuar com a ajuda de um clister... só por rotina e para conveniencia dos médicos.

Em muitos locais do mundo, desde as sociedades mais simples às mais complexas, as mães podem podem comer e beber, podem-se movimentar, escolher a posição em que se sentem melhor durante o trabalho de parto.

Em muitos locais do mundo, mães e bebés podem repousar um local acolhedor e não andam a passear de quarto em quarto (quarto de trabalho de parto, sala de partos, recobro, berçário etc...), os bebés nascem na água, os seus cordões umbilicais são cortados apenas quando deixam de pulsar (o que garante ao bebé uma maior aquisição de ferro e nutrientes e a transição suave para a respiração pulmonar), a primeira coisa que os bebés sentem do mundo exterior é o colo da mãe e aí ficam enquanto se fazem as necessárias intervenções médicas (não, não é ecessário tiraro bebé do colo da mãe para o obeservar e muito menos lava-lo e vesti-lo na hora a seguir ao parto) as placentas são pacientemente aguardadas e não arrancadas por via de puxões e injecções.

Aqui mesmo, ao nosso lado, os partos não são progamados segundo a agenda do médico, evita-se o uso de ocitocina e seus efeitos adversos (aumento das dores de parto, contracções descontroladas que não levam à expulsão do bebé, término do parto em cesariana), as mãe, pais, bebés ... podem experiênciar o parto sem medos, cheiro a eter, luzes fortes, pessoas desconhecidas a dar órdens. Podem experienciar o parto de forma consciente e informada mesmo quando tudo se complica e termina numa intervenção médica de urgência. As intervenções médicas de urgência ocupam o seu lugar de recurso sendo o protagonismo dado à mulher.

Aqui, mesmo ao nosso lago, as coisas são diferentes. Porque é que, aqui, onde nos encontramos, ainda é tão difícil acreditar que também temos a possibilidade de pensar, sentir e agir direrentemente fazendo o que é melhor para nós e para os nossos bebés?

"
Es importante que cada mujer y hombre que participan en la gestación de un nuevo bebé tengan presente este hecho redundante: Que su experiencia del embarazo, así como la de la experiencia del parto y el nacimiento de su hijo o hija, son en su totalidad suyas. Es decir, que son eventos íntimos, personales y altamente dependientes del ambiente, calor -o falta de él- y nivel de confianza y conocimiento que ellos y las personas que los acompañan en dichos procesos tengan en relación al parto y al nacimiento." (http://www.nacimientonatural.com/Naoli-Vinaver/Parto-y-Nacimiento-Humanizado.html)

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