Banco público de criopreservação de células do cordão umbilical

O Centro de Histocompatibilidade do Norte vai disponibilizar de forma gratuita as células do cordão umbilical doadas, a quem precisar.

A decisão foi anunciada pelo Ministério da Saúde no final de Junho e responde à lacuna nacional que denunciámos (Deco) em Abril, num estudo à criopreservação de células do cordão umbilical e serviços em Portugal, publicado na TESTE SAÚDE.

A aplicação de células estaminais ainda é limitada, mas há muitas esperanças na sua utilização médica em futuras investigações para várias doenças. O banco público permite o acesso de todos a estes serviços, através da doação de células do cordão umbilical. A amostra é inserida nas bases de dados mundiais, para ser usada por um doente compatível. Até agora, a criopreservação só existia no privado, em sete empresas no País. Na última análise aos seus contratos, detectámos cláusulas abusivas e exigimos regulamentação nesta área.

Por serem imunologicamente imaturas, as células do cordão umbilical têm menos probabilidades de rejeição após transplan­te do que as da medula. A potencialidade de se transformarem em células de diferentes tecidos é também maior. Por isso, surgiram, em vários países, bancos públicos para doações e/ou empresas privadas de criopreservação.

Fonte: http://www.deco.proteste.pt/servicos-de-saude/banco-publico-de-celulas-do-cordao-no-porto-s567641.htm

Foi publicado em Diário da República (DR), hoje, 2 de Julho, o Despacho n.º 14879/2009, do Gabinete do Secretário de Estado da Saúde, que determina a criação do Banco Público de Células do Cordão Umbilical nas instalações do Centro de Histocompatibilidade do Norte, combinando as funções assistenciais com a investigação.

O Banco Público deverá arrancar de imediato, uma vez que o Centro de Histocompatibilidade do Norte reúne equipamento e profissionais com a formação adequada. As colheitas e a actividade de criopreservação podem ter início logo que o Centro de Histocompatibilidade do Norte considere reunidas as condições adequadas.

A existência de um banco público de células do cordão umbilical permite colocar à disposição de todos os cidadãos células progenitoras hematopoiéticas, necessárias para a terapêutica de transplantação em determinadas doenças hematológicas, imunológicas ou outras.

O Banco Público aceitará apenas dádivas altruístas, que serão colocadas à disposição de todos os potenciais receptores, cumprindo, em matéria de princípios, de organização e de rigor técnico, todas as exigências da Lei n.º 12/2009, de 26 de Março.

O principal objectivo da colheita de células estaminais do sangue do cordão umbilical é, no momento presente, a transplantação, estimando-se que entre 1% e 3% dos espécimes criopreservados podem ser utilizados em cada ano com esse fim.

Por razões microbiológicas ou por limitações de quantidade e ou qualidade das células efectivamente disponíveis, apenas uma fracção das colheitas de sangue do cordão recolhido tem condições adequadas para a criopreservação, estimando-se a taxa de aproveitamento em 50%.

Pelo despacho, o Centro de Histocompatibilidade do Norte e a Administração Regional de Saúde do Norte deverão apresentar, no prazo de 60 dias, o plano de trabalho do Banco para os anos 2009, 2010 e 2011 e as necessidades de financiamento a ele associadas.

As mesmas entidades ficam incumbidas de apresentar, no prazo de 90 dias, uma proposta de enquadramento institucional futuro do Banco Público de Células do Cordão Umbilical, que assegure o adequado envolvimento das instituições científicas, permitindo aproveitar todas as potencialidades de natureza assistencial desta unidade, incluindo no domínio da investigação.

O despacho contitui, como parceiros, o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, o Instituto de Biologia Molecular e Celular e o Instituto de Engenharia Biomédica, adicionando que podem ser consideradas outras instituições universitárias e, mesmo, parceiros de natureza privada.

Para saber mais, consulte:

Despacho n.º 14879/2009. DR 126 SÉRIE II de 2009-07-02 - Adobe Acrobat - 231 Kb
Ministério da Saúde - Gabinete do Secretário de Estado da Saúde
Determina a criação do Banco Público de Células do Cordão Umbilical nas instalações do Centro de Histocompatibilidade do Norte

Fonte: http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/arquivo/2009/7/banco+umbilical.htm

2 comments:

  1. Olá!
    Acho muito bem que se facilite o acesso a uma tecnologia que pode vir a salvar vidas, especialmente porque realmente, as empresas que até agora dominam o mercado português são um pouco abusadoras. Eu fiz a preservação das células no parto da moyinha e acho que é como fazer um seguro: pode não servir para nada, mas se acontecer algo, já lá está. Não abdicámos de esperar que o cordão parásse de pulsar (i.e., que a moyinha recebesse todo o sangue que deveria à priori receber) mas todo o restante que se pôde aproveitar, foi para a criopreservação...
    Agora uma questão: o banco público só vai aceitar "doações altruístas"... o que define uma tal doação? E será que daqui a uns tempos, os hospitais vão induzir os pais a que as células sejam preservadas, para si ou para o banco e desta forma "obrigar" a que o corte do cordão seja apressado??!! Que consequências terá tal manobra?

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  2. Olá,

    nós optamos não não fazer a criopreservação por nos terem garantido que não era possível faze-lo se o cordão fosse cortado depois de deixar de pulsar. Esta informação foi dada pela Crioestaminal.
    A verdade é que há sempre mais possibilidades do que pensamos e cá estão vocês para nos dizer que cortaram o cordão quando parou de pulsar e a criopreservação foi possível.
    Entretanto ficamos a saber que a Cytothera faz a criopreservação das células do cordão (http://www.cytothera.pt/medinfaronline/pt/grupo/biotecnologia/cytotheracord/CytotheraBaby.htm) e não apenas do seu sangue. Segundo me disseram esta modalidade garante mais utilizações futuras mas.... a coisa ainda anda a ser estudada.
    Quanto ao questionamento da Maria João, i.e. cortarem o cordão assim que o bebé nasce com o objectivo de preservarem as células num banco público? é bem possível que assim seja, especialmente se este continuar a ser um assunto de que ninguém fala. Quase ninguém sabe da importância de cortar o cordão só quando ele deixar de pulsar, aliás, a maioria das pessoas acredita que ele tem que ser cortado com a máxima urgência .... penso que todos temos um papel importante na divulgação da importância de alterar práticas hospitalares como esta.

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