Adormeceu!!! Se conseguissem ver os meus ombros a relaxar, o rosto a descontrair, o maxilar a começar a doer pela repentina percepção de que passei o dia a fazer força, muita força inconsciente com o maxilar, seguramente iam suspirar comigo: Adormeceu!!!!! e respiravam fundo também.
Há dias assim, acorda às 7 ou 8 ou 9 da manhã e adormece 9, 10 ou 11 horas depois. Hás vezes, como hoje, dorme uns minutos e acorda fresco como uma alface, cheio de energia para continuar a brincar, correr, rir, gritar, cair, chorar, levantar-se, atirar com objectos pela varanda, puxar o rabo aos gatos, abrir os caixotes do lixo 1001 vezes, gritar e gritar e gritar muito, porque está contente, porque algo o surpreende, porque fica irritado com alguma coisa, por tudo e por nada.
Mas há dias, como hoje, em que para além de não dormir, não come. Não come absolutamente nada e mama, mama, mama todo o dia e esperneia e morde e aperta as pernas, a barriga e os braços da mãe com força e magoa, e deixa marcas na pele.
Também acontece, como aconteceu hoje, que a mãe (eu) está completamente em baixo de forma, com dores de garganta, dores no corpo, congestão nasal e muito, muito sono pelo acumular de noites mal dormidas.
Nestes dias, tudo fica por fazer, a lista de pendências (que já vem de 2010) arrasta-se sem que nem um item seja resolvido, a casa vai-se, miraculosamente, desarrumando ao ritmo das brincadeiras e dos gritos e, de repente, a mãe dá consigo a pensar coisas como: "basta, isto não está a funcionar, não aguento mais". "quem me dera que ele dormisse", "mas porque é que ele não come?"; "quem me dera viver menos isolada e ter quem desse uma mão nestes dias"; "mas porque é que decidi viver numa casa tão pequena? assim parece sempre tudo desarrumado e não há espaço"; "mas quem me mandou ter filhos tão velha? se fosse mais nova tinha mais energia"; "quem me dera ser mais alta e forte para o aguentar mais temo na manduca"; "que idiotice esta de nunca ter um parque onde o enfiar, agora estava lá dentro quieto".
Hoje, no exacto momento em que pensamentos destes me atravessavam o espírito, alguém na rádio dizia algo como:
O bom e o mau não estão associados aos comportamentos, estão associados às expectativas que temos face a nós e aos outros, face aos nossos comportamento e aos comportamentos dos outros.
Eu tinha a expectativa de ter um dia tranquilo, em que o miúdo faz 3 refeições, mama 3 a 4 vezes, dorme umas 3 horas pela tarde, durante as quais eu posso - depois de andar um bocado pela cidade, fazer as compras "da casa", possivelmente deixar o S. brincar com outros miúdos (se eles aparecerem), fazer o almoço, lavar e estender a roupa e arrumar a casa - sentar-me em frente ao computador, trabalhar um bocado nas minhas aulas (sou facilitadora de cursos on-line), fazer leituras para as aulas presenciais que vou iniciar em Fevereiro (também sou professora presencialmente durante o 2º semestre) e "brincar" na net.
Há dias que não são assim tão perfeitos. Aliás, são muito pouco os dias assim tão perfeitos.
Eu perdoo-me por ter expectativas tão elevadas e por querer que o comportamento do meu filho se ajuste para lhes dar resposta. Reconheço que mesmo sem ter uma criança para cuidar 24h por dia, dificilmente conseguiria responder ao nível de exigência que coloco a mim mesma.
Em suma, mesmo que eu tivesse um dia em que fosse capaz de fazer tudo aquilo a que me proponho e em que tudo e todos estivessem de acordo com as minhas expectativas, esse dia seria seria tudo menos tranquilo.
Mais um post com que me identifico plenamente...
ReplyDeleteCátia, não estás sozinha...
Se bem que eu não passo o dia com ela (a não ser ao fim-de-semana)... Quando chego a casa é o stress de me ver e de passar por cima de todas as horas que esteve longe de mim chora, grita enquanto não me sento a dar-lhe de mamar: e assim fica quase uma hora agarrada ao meu peito a mamar de uma e outra mama como se assim saciasse a saudade que a matou todo o dia... Claro que assim nao consigo fazer o jantar ou tratar do que tenho a fazer... O pai só chega tarde (ainda estou a espera dele a esta hora)... No fds é pior ainda porque como me apanha em casa, não quer comer comida, sabe que tem a mama sempre que quer. Há uma coisa no entanto que é um pouco melhor, talvez por ser menina: não me agride tanto. Por vezes há uns pontapés ou umas chapadas mas quando digo que me magoou, ela geralmente pára. A desarrumação é total, vale-me a minha empregada que vai lavando a loiça e as wc's... Sestas, ao fds é para esquecer: porquê perder tempo a dormir quando sabe que os pais estão em casa? Fora as vezes que acorda a meio da noite para mamar...
E no entanto, não sei se faria algo diferentemente... Acho é que deveria ter menos ambições e actividades...
Um abraço,
m.