Crise de mau feitio?

Se o teu filho tiver uma crise de mau feitio, deixa-o sozinho a chorar e afasta-te.

Se for eu a dizer isto parece mal, não é? Mas se for um pediatra pago a peso de ouro por uma mega empresa já deve haver muito boa gente que acredita!

Eu decidi registar-me no youtube, clicar no "não gosto deste vídeo" e denuncia-lo como "maus tratos infantis".

Trabalhador@s Compulsiv@s Anónim@s

Ninguém fala nesta adição porque a nossa sociedade tornou o trabalho no seu Deus mas que existe, existe. Até me atreveria a dizer que quem apresenta vários dos sinais e características abaixo listados, está no caminho da beatificação. Assim sendo, não admira que quase tod@s nós, em algum momento entre a adolescência e o momento presente, tenha consciente ou inconscientemente, aspirado a ser trabalhard@r compulsiv@. Para que se revê num ou vários destes itens, espero que a recompensa financeira esteja a ser, ou tenha sido, em conformidade com o volume de tarefas desempenhadas e que a remuneração auferida não se tenha escoado por um qualquer cano invisível.
Fonte: http://tcaportugal.org/o-que-e-um-trabalhador-compulsivo
SINAIS DE COMPULSÃO PELO TRABALHO
  1. Achamos difícil amarmo-nos e aceitarmo-nos. O trabalho tornou-se na nossa forma de obtermos aprovação, de encontrarmos a nossa identidade e de justificarmos a nossa existência.
  2. Utilizamos o trabalho para fugir dos nossos sentimentos. Desta forma, privamo-nos do conhecimento do que realmente queremos e precisamos.
  3. Trabalhando demais, negligenciamos a nossa saúde, os nossos relacionamentos, o divertimento e a espiritualidade. Mesmo quando não estamos a trabalhar, estamos a pensar na próxima tarefa. A maior parte das nossas actividades estão relacionadas com o trabalho. Privamo-nos da alegria de uma vida equilibrada e variada.
  4. Utilizamos o trabalho como uma forma de lidarmos com as incertezas da vida. Vivemos continuamente preocupados; planeamos e organizamos demais. Não estando dispostos a ceder o controlo, perdemos a espontaneidade, criatividade e flexibilidade.
  5. Muitos de nós crescemos em lares caóticos. Consideramos normais o stress e a intensidade. Procuramos estas condições no nosso local de trabalho. Criamos crises e, para as resolver, apanhamos “bebedeiras” de adrenalina por excesso de trabalho. Depois sofremos com as ressacas e ficamos ansiosos e deprimidos. Estas alterações de humor destroem a nossa paz de espírito.
  6. O trabalho tornou-se numa adicção. Mentimos a nós próprios e aos outros acerca da quantidade que fazemos. Acumulamos trabalho para garantir que estaremos sempre ocupados e nunca nos vamos aborrecer. Tememos o tempo livre e as férias e achamos que são penosas em vez de revitalizantes.
  7. Em vez de ser um abrigo, a nossa casa é uma extensão do nosso local de trabalho. A nossa família e os nossos amigos muitas vezes organizam o seu tempo connosco à volta do nosso trabalho, esperando em vão que o acabemos e nessa altura possamos estar com eles.
  8. Fazemo-nos exigências que não são razoáveis. Não temos consciência de quaisquer diferenças entre pressão imposta pelo trabalho e pressão auto-imposta. Planeando demasiadas coisas para as nossas vidas, tornamo-nos apressados, correndo contra o tempo, receando ficar para trás e trabalhando desalmadamente em certas ocasiões de forma a conseguir responder a essas exigências. A nossa atenção é fragmentada ao tentarmos fazer várias coisas ao mesmo tempo. A falta de capacidade para andar a passo conduz-nos ao esgotamento e ao burnout. Roubamo-nos a alegria da conclusão e do descanso.
  9. Tendemos a ser perfeccionistas. Não aceitamos que os erros sejam parte de se ser humano e temos dificuldade em pedir ajuda. Porque acreditamos que ninguém pode atingir os nossos padrões, temos dificuldade em delegar e por isso fazemos mais do que a nossa parte do trabalho. Pensarmos que somos indispensáveis prejudica muitas vezes o nosso progresso. Expectativas irrealistas muitas vezes frustram a nossa satisfação.
  10. Temos tendência para ser demasiado sérios e responsáveis. Toda a actividade que fazemos tem que ter um propósito. Achamos difícil relaxar e simplesmente ser; sentimo-nos culpados e inquietos quando não estamos a trabalhar. Raramente vivemos a experiência dos intervalos e da renovação porque na maior parte das vezes trabalhamos nos tempos livres. Negligenciamos o nosso sentido de humor e raramente gozamos do poder curativo do riso.
  11. Para nós, esperar é difícil. Estamos mais interessados em resultados do que em processos, mais em quantidade do que em qualidade. A impaciência distorce muitas vezes o nosso trabalho por não lhe concedermos o tempo adequado.
  12. Muitos de nós estamos preocupados com a imagem. Pensamos que parecer ocupado faz com que as pessoas pensem que somos importantes e que ganhemos a sua admiração. Procurando a aprovação pessoal nos outros, perdemo-nos a nós próprios.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE TRABALHADORES COMPULSIVOS

  1. É muito difícil descontrairmo-nos. Muitas vezes, senão sempre, temos necessidade de fazer só mais algumas coisas antes de nos sentirmos bem connosco próprios e nos permitirmos descansar. Quando completamos estas tarefas, encontramos só mais umas quantas que precisamos de acabar, e depois destas encontramos mais outras, ... Estes desejos incontroláveis resultam muitas vezes em trabalho compulsivo e frenético. Somos impotentes para controlar este padrão.
  2. Estamos tão habituados a fazer o que é esperado que façamos que muitas vezes somos incapazes de saber o que realmente queremos e precisamos de fazer para nós próprios.
  3. Muitas vezes sentimos que temos que acabar algumas tarefas apesar de não o querermos fazer; no entanto, temos receio de parar.
  4. Muitas vezes ficamos zangados por termos de acabar algumas tarefas quando preferiríamos descansar ou divertir-nos. Nestas alturas adiamos, normalmente chafurdando em auto-piedade e auto-crítica. Ficamos absorvidos pelos nosso “pensamento podre”, não nos conseguimos concentrar no trabalho que temos entre mãos e, mesmo assim, temos demasiado receio de o interromper por momentos a fim de nos concedermos o espaço de que precisamos.
  5. O nosso sentido de auto-estima é amplamente baseado na nossa percepção da forma como os outros avaliam o nosso desempenho no trabalho e noutras áreas da nossa vida.
  6. Muitas vezes pensamos que somos ou as pessoas mais inteligentes e capazes que conhecemos ou as mais incapazes ou inúteis.
  7. Para nós é difícil vermo-nos honestamente e aceitarmos quem realmente somos.
  8. Muitas vezes traímo-nos ao ceder a exigências de pessoas que percebemos como “autoridade”.
  9. Funcionamos a partir do modo de mini-crise, usando-o como um escape à vivência das nossas próprias emoções.
  10. Não experimentamos muitas vezes uma verdadeira serenidade.
  11. Temos um desejo obsessivo de perceber tudo nas nossas vidas, incluindo as nossas próprias emoções. Não nos podemos permitir experimentar emoções que não percebemos, receando perder o controlo.
  12. Temos um medo subjacente de que se deixamos de controlar e permitimos que as nossas emoções venham à superfície vamo-nos tornar nuns lunáticos raivosos para o resto das nossas vidas.
  13. Julgamo-nos pelo nossos feitos e por isso temos a ilusão que temos sempre de estar no processo de fazer algo que valha a pena, de forma a sentirmo-nos bem connosco.
  14. Não podemos sentar e simplesmente ser.
  15. Muitas vezes entramos em bebedeiras intensas de trabalho com a ilusão de que precisamos da admiração dos nossos colegas de trabalho e dos nossos chefes para nos sentirmos OK.
  16. Temos a ilusão de que as pessoas gostam mais de nós se parecermos mais competentes do que na realidade somos.
  17. Muitas vezes, quando somos elogiados por outros, temos a tendência de considerarmos que não somos dignos desse louvor.
  18. Temos a tendência para programar mais do que aquilo que podemos, acreditando que as pessoas gostarão mais de nós e fizermos mais coisas e mais depressa.
  19. Muitas vezes somos desonestos acerca das nossas experiências passadas e das nossas capacidades actuais, tendo a tendência de não mencionar as nossas falhas e de exagerar os nossos sucessos. Acreditamos que as pessoas não nos respeitarão ou não gostarão de nós tal qual somos.
  20. Sofremos por dentro.
via http://permaculturaportugal.ning.com/group/grupodesuporteemocional/forum/topics/grupos-de-autoajuda

ir, fazer, estar, ser...

Quantos anos luz separam o
"quero ir" do "fui"
"quero fazer" do "fiz"
"quero estar" do "estou"
"quero ser"do"sou"?

Este momento #13

{this moment} - Um ritual de Segunda-feira. Uma foto captura um momento simples, especial, extraordinário. Um momento para parar, relaxar, relembrar. Um momento de agradecimento, de aceitação e de paz.

Museu de Arte Popular

Esta semana estou grata:

- pelas soluções que sempre surgem quando estamos atentas;
- pelo frio que convida a ficar em casa;
- pela casa que abriga e aquece;
- pelo trabalho que nunca falta;
- pelo diálogo que tranquiliza;
- pela vida que se desenrola e celebra em círculos;
- pelas mulheres com que a maternidade me presenteou;
- pela abundância.


Porque são mais os "dias-de-semana" do que os de "fim-de-semana", resolvi mudar e passar a desejar-te uma semana Maravilhosa!

Inspirado por soule mama e waldof mama

Um ano sem cosméticos, produtos de higiene ou produtos de limpeza


Inspirada pela linda mamã Anya, decidi iniciar 2011 sem consumir qualquer cosmético, produto de higiene ou de limpeza que não seja feito em casa.

Não iniciei esta caminhada em Janeiro de 2011 pois já há muito tempo que iniciei as experimentações de forma a me ir adaptando às mudanças. O que já consegui:

Limpeza:
Lavar a loiça na máquina: limões cortados ao meio. Depois de espremido o sumo para beber de manhã. São os limões de um vizinho o que ainda sabe melhor pois é grátis e solidário (trago-lhe laranjas quando for à aldeia);

Lavar a loiça à mão: nozes de saponária (ver na net); vinagre para a gordura mas cheia muito mal. Sumo de limão para a gordura. Não gosto de lavar loiça à mão. Encho muito a máquina e convenci-me de que assim gasto menos água. é verdade? não conheço alternativa ao sal de compra. posso por sal normal?;
Lavar o chão de madeira e de cerâmica: 1 jarro de água a ferver e umas goras de óleo presencial à escolha.O.S de árvora do chá para desinfectar;
Limpar o pó: pano borrifado com água de nozes de saponária;
Loiças e casa de banho: água com nozes de saponária cozidas trituradas;
Vidros: o mesmo que para o pó + finalização com alcool (não consegui alternativa melhor);
Lavar roupa à mão: água e OS árvore do chá;

Desinfectantes: O.s. de árvore do chá, água oxigenada. Raramente tenho que desinfectar algo;

Manchas e nódoas: bicarbonato de sódio, água oxigenada;
Limpar sangue da roupa: água oxigenada e lavar em água fria;

Lavar a roupa à máquina: nozes de saponária e OS árvore do chá de lavar tambem fraldas sujas ou OS à escola para dar cheiro;
Desentupir canos: 1º bicarbinato e sódio depois vinagre, tapar com uma toalha molhada, fumega, tira-se a toalha passado meia hora e deita-se água a ferver por cima;
Manutenção do ralo do lava loiça: alguma vezes por semana deitar no ralo a borra do café. elimina as gorduras;

Tirar odores dos tapete: pulverizar com bicarbonato de sídio, esperar umas horas e aspirar;
Tirar cheiros do frigorífico: uma taça com café ou com bicarbonato de sódio;

Higiene e cosméticos:
Creme de rosto: manteiga de karité bio. Comprei para fazer o meu próprio creme mas tive preguiça e uso-o assim mesmo;
Creme de corpo: azeite bio e óleo de sésamo em partes iguais + OS à escolha. muito bom para massajar o peito durante a amamentação, para a extracção manual de leite ou ajudar a desencaroçar;

Creme de lábios, mamilos gretados, vermelho de fralda: óleo de côco bio. tb se pode comer uma colher por dia, rico em ómega 3; leite materno;

Banho do bebé: uma cafeteira de chá à escolha na água do banho. 0 cosméticos ou produtos de limpeza; leite materno;

Shampoo/ gel de banho: água de cozer a saponária misturada com o gel de banho/shampô bio familiar (1 litro cerca de 10 euros). só misturo por causa do condicionamento que me obriga a sentir que é e espuma que lava.desde que mudados para isto acabou o cabelo oleoso, o cabelo seco, a caspa,a pele seca ...
Lavar os dentes: escovas de cerdas naturais com cabeça amovível (não de desperdiça o cabo), fita dental e escovilhão. Dentee (pó de beringela assada com sal) e uma psta bio, sem flúor e à sabe de sal.

Exfoliante: água de saponária com açucar ou sal.
Animais de estimação:
Casa de banho dos gatos: forrar com bicarbonato de sódio antes de colocar a areia para melhor absorver o odores. a areia mais barata passa a durar uma semana para dois gatos com cerca de 7 kg's
Limpeza dos gatos: pano borrifado com água das nozes de saponária diluída em mais água
Para experimentar:
- Cinzas da lareira para limpar as cerâmicas da casa de banho e o inox da cuba da cozinha e do fogão (não tenho lareira mas arranjam-se as cinzas);
- fazer velas;

Perguntem se algo suscitar dúvidas.
Aceito sugestões de coisas simples para cada 1 destes items.
A experiência está a correr muito bem gradualmente fui rejeitando os vário produtos químico que me poluíam a casa. Comecei por banir o não essencial, depois toquei o essencial por produtos bio e agora estou a trocar os produtos poucos produtos bio que restaram por produtos "bio-caseiros".
Actualmente já não suporto o cheiro a detergente de roupa, a perfume, cremes e muito menos a detergentes comerciais. Sinto o cheiro químico dos detergentes quando passo numa varanda com roupa lavada e fico com os olhos a arder quando entro numa loja ou casa que foi lavada com detergentes comerciais cheios de produtos químicos.

É ridículo mas, muitas vezes, imagino-me em Dezembro de 2011 a desejar que acabe o ano para me atirar à primeira loja de cosméticos e de produtos de higiene para comprar todas as porcarias possíveis. Tal não é o condicionamento.... antes de iniciar este processo, em Janeiro de 2010, imaginava que os produtos bio não limpavam tão bem como os outros. Agora rio-me de tais acepções pois sei por experiência que, por exemplo, a roupa não fica melhor lavada com detergente do que fica sem ele.

até já

Mães em Transição

Já conheces o Movimento de Transição para a simplicidade voluntária?

Já ouviste falar em permacultura?

Não percas estes dois recursos preciosos:

http://maesdetransicao.webnode.pt/

http://permaculturaportugal.ning.com/

A era do biberão está a terminar



in Jornal Público

A polémica estalou com um novo estudo. Alimentar os bebés só com leite materno, até aos seis meses, é mesmo bom? Em Portugal, aposta-se cada vez mais na amamentação

Uma grávida que procure informar-se sobre amamentação pode facilmente ficar confusa. Há muitos estudos sobre o leite materno. Mas muitos apresentam conclusões contraditórias.Há os que garantem que os bebés que mamam são mais inteligentes. Outros dizem que os que não mamam têm menos alergias. Há quem afirme que as mães que dão de mamar recuperam a forma mais rapidamente. E quem sublinhe que as que não dão ficam com o peito em melhor estado. Há quem sustente que os bebés que mamam correm maior risco de virem a ser obesos. E que os que não mamam ficam mais stressados...

O último estudo que veio reacender o debate sobre o leite maternofoi publicado no British Medical Journal há pouco mais de uma semana por um grupo de investigadores do Reino Unido. Quase dez anos depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado que a amamentação em exclusivo até aos seis meses beneficia os bebés, os cientistas, conduzidos por Mary Fewtrell, do Instituto de Saúde Infantil da University College London, vieram contrariar esta tese.

A partir de uma revisão bibliográfica, os investigadores reconhecem os benefícios da amamentação, mas defendem que a partir dos quatro meses o leite materno já não é suficiente para o bebé e deve ser complementado com outros alimentos. Apesar dos benefícios da amamentação, dizem, o facto de um bebé ser alimentado só com o leite materno durante os primeiros seis meses de vida pode fazer aumentar o risco de anemia, de doença celíaca e de alguns tipos de alergia, nomeadamente alimentar.

A polémica não se fez esperar. "Os novos conselhos sobre amamentação deixam as mães zangadas e confusas", noticiou há dias o jornal The Independent. E o Royal College of Paediatrics and Child Health foi uma das muitas instituições a criticar o trabalho da equipa de Mary Fewtrell.

Vários especialistas ouvidos pelo P2 garantem, contudo, que os estudos pró-amamentação são mais fidedignos, que o império do biberão é cada vez menos uma realidade e que o número de mães a quererem amamentar em exclusivo até aos seis meses e a terem sucesso tem crescido.

A secretária da mesa do Colégio de Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros, Teresa Félix, lembra que um único documento não é suficiente para alterar toda a prática que tem sido desenvolvida. Para as mães que estão neste momento a amamentar ou para as futuras mães, "o mais importante é manter a amamentação mesmo que se introduza outro alimento".

Teresa Félix diz que "o leite materno é fundamental em termos nutricionais e um alimento que é impossível igualar". Uma opinião corroborada por Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas.

Sobre a possibilidade de introduzir alimentos mais cedo, a partir dos quatro meses, Alexandra Bento entende que é necessária mais evidência científica, mas diz que "o mais importante é promover o aleitamento materno independentemente da altura em que se introduzem alimentos" e pugnar por "uma alimentação diversificada" para toda a família.

"Não há leites fracos"

Cláudia e Miguel Costa, de 37 e 35 anos, respectivamente, são o exemplo de que a maternidade está a mudar e de que a amamentação já voltou a ser entendida como algo natural, depois de à volta da década de 1970 ter sido apelidada de primitiva.

A primeira filha do casal nasceu em Dezembro de 1999. Na altura, a preocupação era sobretudo o parto, pelo que Cláudia nem pensou muito sobre o processo de aleitamento.Mas Luana não parava de chorar e, seguindo um conselho médico, Cláudia começou a dar-lhe um suplemento. "Nunca pensei que a amamentação pudesse ser um problema. Durante a gravidez a mulher foca-se muito no parto e mesmo as aulas de ginástica insistem mais nessa parte. A Luana tinha fome e dei-lhe suplemento. Ainda não tinha nem um mês quando deixei de dar de mamar, convencida de que o meu leite era fraco. Hoje já sei que não há leites fracos", conta.

Depois de Luana nasceram Laura, em 2002, e Inês, em 2004. Também com a segunda e a terceira filhas a amamentação não conseguiu superar a prova do primeiro mês e Cláudia convenceu-se de que o problema era seu. "Os hospitais eram muito diferentes. Nasceram todas na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, mas na altura não havia grande esforço para as mães amamentarem e só depois da terceira filha eu percebi que estava a fazer tudo errado. Deve deixar-se que o bebé esvazie completamente a mama antes de mudar para a outra e eu dava cinco ou dez minutos e trocava, porque quando a Luana nasceu me tinham dito que era assim. Agora a maternidade está muito diferente e há até um cantinho da amamentação. As enfermeiras explicam tudo às mães e até disponibilizam uma linha telefónica."

No caso de Cláudia, à quarta é que foi de vez. Teresa, a última filha do casal, nasceu em Março de 2010 e Cláudia preparou-se. "Informei-me mais e juntei-me à Liga La Leche, uma associação que ajuda as mães neste processo, e tenho assistido a conferências."

Cláudia chegou mesmo a recorrer a conselheiras de amamentação - profissionais certificadas por entidades que apliquem as regras da Unicef (o Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da OMS. E a preparação resultou em pleno. A pequena Teresa continua a mamar e até perto dos sete meses não conheceu outro alimento para além do leite da mãe.

Para a pediatra Leonor Levy, que acaba de lançar o livro Um Acto de Amor - Tudo o que precisa de saber para amamentar o seu bebé com sucesso (Editora Esfera dos Livros), o caso de Cláudia é um excelente exemplo de que as coisas estão a mudar. "Não faz sentido pedir-se provas sobre os benefícios da amamentação quando é por causa dela que a humanidade existe", sublinha a especialista, que, contudo, é contra qualquer pressão no sentido da amamentação. "As mães quererem é um pré-requisito essencial e mais vale um biberão bem dado e de boa vontade do que uma mamada que seja um suplício."

Mudanças nos hospitais

Para Leonor Levy o mais importante é que os profissionais de saúde sensibilizem as famílias para os benefícios da amamentação e para o facto de "o leite vir da cabeça", isto é, que as ajudem no seu projecto e mostrem que querer é poder. Mas a pediatra insiste que uma mãe que não consiga dar de mamar "não deve ficar com qualquer sentimento de culpa e a achar que o seu bebé vai ser pior do que os outros". O importante é que não desista por falta de informação e de ajuda.

"Se soubesse o que sei hoje tinha dado de mamar a todas. É um processo fantástico. A Teresinha, quando aos seis meses tentámos introduzir alimentos, continuava a preferir o meu leite e hoje ainda mama. No trabalho uso uma bomba para tirar leite e mesmo as papas no infantário são feitas com o leite que eu mando", refere Cláudia, que reconhece que na empresa pública onde trabalha na área de recursos humanos tem condições para tirar leite e local onde guardar, visto que está sozinha num gabinete.

Até quando vai dar de mamar? "Isso é enquanto a Teresinha quiser. Enquanto ela quiser eu ofereço", conta Cláudia, que tenciona voltar a dar de mamar se tiver mais filhos. Mesmo assim diz notar que já começa a haver alguns olhares de lado por amamentar um bebé de quase um ano, o que diz ser fruto de as pessoas terem muitos preconceitos e de pensarem que os bebés desta idade mamam "por vício".

O que se passou com Cláudia e Miguel é um reflexo das mudanças que têm acontecido nos hospitais portugueses e de medidas como os Hospitais Amigos dos Bebés. Este programa, lançado pelo Governo em 1992, prevê a acreditação das unidades de saúde que concretizem dez medidas definidas pela OMS e pela Unicef e que passam, por exemplo, por dar informação às mães sobre amamentação, fornecer formação aos profissionais de saúde, não dar chupetas aos bebés até que saibam mamar e só disponibilizar suplementos quando há indicação médica expressa.

Em Portugal existem seis Hospitais Amigos dos Bebés: Garcia de Orta, em Almada, Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, Maternidade Júlio Dinis, no Porto, e Hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

OMS responde a cientistas

Mas será quehouve diferenças do ponto de vista da saúde entre Luana, Laura, Inês e Teresa? "Coincidência ou não, a Teresinha só ficou constipada pela primeira vez aos oito ou nove meses e as irmãs aos quatro já tinham feito antibióticos", sublinha Cláudia, que compara o leite materno a uma primeira vacina.

Para a OMS não há coincidências. Em 2002, a organização estabeleceu recomendações mundiais no sentido de os bebés serem exclusivamente alimentados com leite materno durante os seis primeiros meses de vida, podendo a amamentação prolongar-se como complemento até aos dois anos, apontando vantagens nutritivas que influenciam o crescimento e a imunidade do bebé.

Agora, na sequência do estudo publicado no British Medical Journal, a OMS emitiu uma declaração onde reafirma que "a amamentação em exclusivo até aos seis meses é melhor para os bebés em todo o lado", sublinhando que procedeu, em 2009, a uma revisão sistemática das provas científicas, que vieram confirmar as correntes recomendações. "As vantagens incluem um risco mais baixo de infecções gastrointestinais para o bebé e uma perda de peso mais rápida para a mãe após o nascimento", lê-se no comunicado da OMS, que nega também eventuais problemas com alergias ou no crescimento.

Por cá não há dados muito fidedignos mas, no ano passado, foi criado um Observatório da Amamentação e em meados deste ano deverão ser divulgados os primeiros resultados. De momento, algumas estimativas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) indicam que 85 a 90 por cento dos recém-nascidos são amamentados à nascença, mas que metade das mães desistem ao fim do primeiro mês. E ainda não se conseguiu que pelo menos 50 por cento das mães mantenham o aleitamento até aos três meses.

Para Adelaide Órfão, enfermeira da divisão de Saúde Reprodutiva da DGS, os novos dados vão ser essenciais para perceber as diferenças entre hospitais e regiões e arranjar formas de cumprir aquelas que são as recomendações da OMS em matéria de aleitamento.

A enfermeira, membro da Mama Mater (Associação Pró-Aleitamento Materno em Portugal), que nasceu no Centro de Saúde da Parede e arrancou oficialmente em 2004, acredita que o papel dos profissionais de saúde é fundamental. "Não podemos negar que o leite materno é um alimento vivo e riquíssimo que permite passar o património imunitário da mãe para o bebé. Que outro alimento varia de sabor e nutrientes consoante as horas do dia e ao longo dos vários meses do bebé?"

Proposta Colaboração Casa das Mães - Consulta Pública - 24 de Janeiro a 18 de Fevereiro de 2011

Proposta Colaboração Casa das Mães - Consulta Pública - 24 de Janeiro a 18 de Fevereiro de 2011


Sou a Cátia Maciel, mãe do Sebastião, de 16 meses, proponente da criação da “Casa Inteiramente dedicada à Maternidade”, no âmbito do Orçamento participativo de Lisboa.

Começo por me apresentar individualmente pois tenho percebido que é importante dar um rosto à acção e porque foi também individualmente que esta proposta foi apresentada. No entanto, este não é um projecto empreendido apenas por mim e todas as pessoas e instituições que o divulgaram, nele votaram e acreditam são tão responsáveis pelo seu sucesso como eu.

Resumindo o processo, em Junho de 2010 fiz à CML (Orçamento participativo) a proposta de criação de uma "Casa Inteiramente dedicada à Maternidade" que teria como objectivo ser um espaço aberto para receber mães e bebés dos 0 aos 3 anos.

Durante 4 meses dediquei todos os minutos livres dos meus dias e noites à divulgação da votação e, em Outubro de 2010, a proposta foi uma das mais votadas e vai ser agora implementada.

Já em 2011, pedi uma reunião com a CML (que se realizou no passado dia 20 de Janeiro) para perceber como o município pretende implementar a ideia.

Fui recebida pela Divisão de Administração do Património Imobiliário e pelo departamento de acção Social.

A CML mostrou-se surpreendida com o facto de a “Casa das Mães” ter sido uma das propostas mais votadas no Orçamento Participativo, dado que, a criação de uma estrutura deste género não fazia parte do levantamento de necessidades que norteia o estabelecimento de prioridades por parte do município. Isto, é, para a mesma faixa etária – 0-3 – as necessidades identificadas vão no sentido da criação de creches e não de estruturas para o apoio a mães (ou cuidador principal) com crianças.

Apesar da surpresa que esta proposta possa ter causado, a CML compreende a pertinência da mesma, pretende implementa-la no âmbito do OP e está disponível para ouvir as pessoas e instituições que pretendem trabalhar para a mesma e/ou usufruir do seu espaço.

A reunião foi muito produtiva e serviu essencialmente para chegar a um entendimento sobre, o que a Casa das Mães não é, o que a Casa das Mães pretende ser, quais as formas possíveis de organização e implementação, o que o executivo pode oferecer e quais as suas limitações.

O Passo seguinte e a realização de uma proposta escrita que permita ao executivo camarário responder às seguintes questões:

I. Porque e para quem…

II. Com quem e como…

III. Com base em que modelos…

… os/as proponentes pretender implementar a Casa dedicada à Maternidade?

Segue um resumo da informação compilada até agora para o projecto e que reúne as sensibilidades tanto da CML como das várias pessoas e instituições que já deram o seu contributo:

I. Porquê e para quem criar uma “Casa inteiramente Dedicada à Maternidade”, em Lisboa, ou Fundamento.

Mães e filhos são a base da organização social – não há nenhum homem, nem mulher, que não tenha passado pelo colo de outra mulher. Não dar a atenção merecida ou descurar este facto desencadeia mecanismos de violência, delinquência e mal-estar social cujos resultados estão, hoje mais do que nunca, bem visíveis na nossa sociedade.

Pretendemos dar um passo no tratamento de uma problemática de base, responsável pelo desequilíbrio físico, psíquico, social e espiritual: o afastamento físico entre mães (vide cuidador principal) e filhos desde tenra idade, ou a falta de afecto na relação entre ambos, ainda que fisicamente próximos.

A legislação nacional já reconheceu a importância desta proximidade ao permitir que os pais sejam os cuidadores principais dos seus filhos durante os primeiros anos de vida – nova lei da parentalidade. Devemos agora criar as estruturas e serviços que permitam proporcionar, às famílias, uma gestação, nascimento e maternidade da primeira infância tranquilas e emocionalmente positivas.

Objectivos gerais:

  • Aumentar os conhecimentos do casal e da família (e não apenas da mulher) para que vivam conscientemente e plenamente a gravidez, parto e pós-parto;
  • Transformar as experiências de gravidez e parentalidade em experiências de cidadania;
  • Superar o isolamento que muitos pais sentem nas grandes cidades;
  • Diminuir o consumo de bens e serviços associados a estas fases da vida.

II. Com quem e como proceder à criação da Casa Inteiramente dedicada à maternidade” ou parcerias e modelo organizacional.

Com a participação da CML e de todas as organizações da sociedade civil e profissionais com actuação nas áreas da gestação, parto, amamentação, maternidade, cuidados à primeira infância, conciliação entre a vida profissional e vida familiar que façam a sua demonstração de interesse em trabalhar de forma concertada.

Neste momento, temos todas as possibilidades em aberto.

Duas possibilidades extremas:

a) Solicitar á CML a entrega de um edifício que a sociedade civil reabilitará e gerirá da forma que considerar mais adequada, tendo em vista o objectivo inicial;

b) Entregar o projecto a 100% à CML que decidirá como o implementar;

E uma grande variedade de possibilidades intermédias que dependem exclusivamente da capacidade de organização da sociedade civil e sua coordenação com o executivo camarário, entre elas:

a) Partilhar os custos de adaptação de um edifício e manutenção entre a CML e as organizações da sociedade civil;

b) Contar com o apoio de privados para – juntamente com a CML e organizações - co-financiar os custos de adaptação do edifício e de manutenção

Uma das estratégias que facilitaria o trabalho quer da CML, quer da sociedade civil organizada no sentido de dar corpo a este projecto, seria criar uma associação “Casa das Mães” que reúna organizações, profissionais e pessoas interessadas.

Que contribuições podes dar para a construção da “Casa inteiramente dedicada à maternidade”?

1. Responder às seguintes questões:

a. A que necessidades minhas/da minha instituição pode responder esta casa?

b. Que contributos concretos eu ou a minha instituição podemos dar para esta ca(u)sa?

c. Que benefícios eu ou a minha instituição esperamos auferir por participarmos nesta ca(u)sa?

d. Qual o modelo de organização que considero mais conveniente/viável?

i. 100% gestão CML;

ii. 100% gestão da sociedade civil

iii. Partilha entre sociedade civil e CML – multi-associativa profissional + CML

iv. Partilha entre sociedade civil e CML – criação de Associação representativa da sociedade civil + CML

e. Eu ou a minha instituição desejamos participar activamente na criação de uma associação congregadora das instituições da sociedade civil, profissionais e pessoas com vista à implementação e gestão desta casa? Se sim, em que moldes (direcção, associado/a, apoio jurídico, apoio económico, troca de experiências…..)?

2. Comentar/ completar/ corrigir o documento que te será enviado se solicitado através do endereço de e-mail: catiamaciel@want.com.pt

partilha esta informação e até 17 de Fevereiro, responde ás questões e comenta.

Grata pela atenção

cm

A receita para uma mulher chegar a lugares de topo e salários correspondentes é tornar-se um homem. Mas solteiro e sem filhos.

  Aplausos meus para quem assim fala! E, provavelmente também ficava fula com a jornalista se me tivesse feito estas perguntas!

"Depois de ler e reler para crer o seu livro, a nm tomou a liberdade de fazer algumas perguntas a Catherine Hakim. Mas estas não foram bem recebidas. À beira de um ataque de nervos, resultante do facto de considerar que a jornalista tinha percebido tudo mal ou nem sequer se tinha dado ao trabalho de ler o seu livro, quando perguntada se pensava realmente que o que a maioria das mulheres queria era ser dona de casa, tomar conta dos filhos e ser economicamente dependente do marido, a professora vociferou que nunca tinha feito tal afirmação. «O que eu disse é que a maioria das mulheres quer que o homem seja o que ganha mais e prefere um marido com um salário elevado, de forma a que a mulher/mãe possa escolher [entre trabalhar ou ficar em casa]. Isto é um facto, quer você goste ou não.»

E o facto de em Portugal a maioria das mulheres ter um trabalho a tempo inteiro e ainda ter de arcar com a grande parte das tarefas domésticas, o que lhe diz? Porque faríamos tanto esforço se não quiséssemos ser independentes? A avaliar pela resposta, Hakim não percebeu ou não quis perceber: «Nunca ninguém me deu uma boa explicação para isso, nem os meus colegas portugueses, quando os questionei em conferências. Você certamente também não sabe e baseia-se no preconceito."


in DN

Fantástico. eu sou uma das colegas portuguesas, socióloga, que estuda as questões de género. Tenho a resposta à pergunta da autora na ponta da língua. São dois os motivos:

a) primeiro as mulheres portuguesas esfalfam-se a trabalhar fora de casa e em casa porque a maioria das famílias portuguesas, quando comparadas com os países do norte da Europa, são pobres;

b) para além das dificuldades em acesso aos bens de consumo e aos serviços (o lado económico) as famílias portuguesas carecem de apoio de um estado providência que nunca existiu na verdadeira acepção da palavra e de uma sociedade providência que está cada vez mais incipiente.

Em suma, sozinhas e sem recursos as mulheres portuguesas matam-se a trabalhar em todas as frentes, não é por prazer, é por necessidade.

As investigadoras, feministas, que estão na base dos estudos e das medidas políticas que às mulheres portuguesas dizem respeito não admitem isto em conferências internacionais nem nacionais, também por dois motivos:

a) porque, em todos os domínios, temos o habito de encapotar a real situação do país, o que será que nos leva a lutar tanto contra a exclusão social esquecendo a pobreza? porque é que nos querem convencer de que o nosso único problema são os desempregados  quando há milhares de famílias que trabalham e passam fome? Que medidas de política para os trabalhadores pobres? aposto que isso faria muito mais pela igualdade de género do que a demagogia dos estudos idiotas que por cá se fazem. sabiam vocês que 40% da famílias pobres em Portugal tem, pelo menos, um elemento que trabalha?;

b) em segundo lugar, as senhoras investigadoras que participam nessas conferências internacionais e não sabem explicar porque é que as mulheres portuguesas se matam a trabalhar , se o são e se o fazem, não será porque não fazem parte do grupo maioritário de mulheres portuguesas que são pobres? Não será porque elas podem terciarizar serviços domésticos? não será porque elas não fazem parte do grupo maioritário de mulheres portuguesas que trabalham por necessidade?

Gostava que fosse feito um estudo sobre as mulheres/investigadoras/ feministas portuguesas para ficarmos a perceber exactamente quem são. Pergunto-me se uma bolseira, jovem, com um filho e um apartamento para pagar ao banco trabalha para subir na carreira ou para pagar as contas.

Também gostava de saber se a jornalista perplexa com os resultados do estudo tem filhos e, caso seja casada, se o marido ganha ou não mais do que ela.

Cada dia que passa se torna mais impossível para mim ser socióloga e investigadora num contexto em que, em nome da igualdade, as mulheres são tão desrespeitadas por quem proclama estar a defende-las.

Eu não quero defesa, quero liberdade de escolha e eu escolho a família em detrimento do trabalho porque eu, quando tiver 80 anos e já tiver sido esquecida/descartada pela minha entidade empregadora, quero beber chá quente e contar histórias aos bisnetos sabendo que estou rodeada de amor e carinho, independentemente do nº de assoalhadas que tiver a casa onde me encontro. Claro que se me fosse possível fazer esta opção e continuar a receber um salário, como fazem as minhas congéneres, escandinavas, estaria muito mais satisfeita mas, não sendo tal possível, deixem-me ser pobre e amar os meus em paz.

Não se preocupem que as minhas opções não vão por em causa o movimento feminista nacional. Continuem a masculinizar-se em nome da igualdade mas sem mim.

As grávidas e mães portuguesas sentem-se sozinhas e estão sozinhas - Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) – Plano Nacional para a Igualdade (PNI)


Esta tarde deveria estar a trabalhar mas, fazia parte do meu trabalho uma leitura do novo PNI e, agora que tenho um filho, não consigo deixar de olhar para a vida - incluindo o trabalho - do ponto de vista de uma mãe.
É com muita tristeza que, dia após dia, me confronto com o desprezo dos poderes públicos por aquelas que geram, nutrem e educam o futuro do país. Esta tarde, a leitura do PNI, não fugiu à regra.
Segue a expressão da minha indignação e tristeza, espero que não fiquem, tal como estou agora, com um nó na garganta.
Em 2007, entrou em vigor da lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (Lei n.º 16/2007, de 17 de Abril), que despenalizou “a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o consentimento da mulher grávida.
De acordo com o Artigo 2º do Decreto lei, deverá a interrupção voluntária da gravidez ser despenalizada judicialmente e facilitada pelos serviços e, concomitantemente, deverão os serviços sociais preparar-se para dar resposta efectiva às grávidas que poderiam não interromper a gravidez lhes fosse permitido dispor do apoio necessário. Para tal, prevê-se a realização de uma consulta de informação e acompanhamento onde se destaca:

1 - Compete ao estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido onde se pratique a interrupção voluntária da gravidez garantir, em tempo útil, a realização da consulta obrigatória prevista na alínea b) do n.º 4 do artigo 142.º do Código Penal e dela guardar registo no processo próprio.
2 - A informação a que se refere a alínea b) do n.º 4 do artigo 142.º do Código Penal é definida por portaria, em termos a definir pelo Governo, devendo proporcionar o conhecimento sobre:
a) As condições de efectuação, no caso concreto, da eventual interrupção voluntária da gravidez e suas consequências para a saúde da mulher;
b) As condições de apoio que o Estado pode dar à prossecução da gravidez e à maternidade;
c) A disponibilidade de acompanhamento psicológico durante o período de reflexão;
d) A disponibilidade de acompanhamento por técnico de serviço social, durante o período de reflexão.
3 - Para efeitos de garantir, em tempo útil, o acesso efectivo à informação e, se for essa a vontade da mulher, ao acompanhamento facultativo referido nas alíneas c) e d) do número anterior,
os estabelecimentos de saúde, oficiais ou oficialmente reconhecidos, para além de consultas de ginecologia e obstetrícia, devem dispor de serviços de apoio psicológico e de assistência social dirigidos às mulheres grávidas.
4 - Os estabelecimentos de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos onde se pratique a interrupção voluntária da gravidez garantem obrigatoriamente às mulheres grávidas que solicitem aquela interrupção o encaminhamento para uma consulta de planeamento familiar.
O IV PLANO NACIONAL PARA A IGUALDADE — GÉNERO, CIDADANIA E NÃO DISCRIMINAÇÃO – 2011-2013 que tem como 4ª área estratégica a saúde, prevê a avaliação da implementação da legislação acima referida envolvendo 4 entidades governamentais: PCM, GSEI, MS e CIG.
O PNI 2011-2013, salienta, na área da saúde, que:
As desigualdades sócio -económicas, a maior vulnerabilidade das mulheres a situações de pobreza, o acesso ao emprego, os horários prolongados, as dificuldades de conciliação e a ausência de tempos de lazer têm de ser tidos em consideração na definição de uma política de saúde que integre a perspectiva de género. O género é determinante em saúde e o impacto de género não é apenas consequência das condições sócio -económicas, mas das desigualdades de género.”
Não será de todo abusivo fazer a leitura de que muitas das mulheres portuguesas que engravidam, pela sua situação de pobreza e vulnerabilidade, não dispõem das condições sociais, económicas e psicológicas necessárias para a prossecução da gravidez.
Assim sendo, quais os indicadores que permitem às quatro entidades supra-citadas, a avaliar a prossecução do disposto na Lei e, no âmbito do PNI, garantir os princípios fundamentais de não discriminação e igualdade entre mulheres e homens tal como estão consagrados na Constituição da República Portuguesa e no Tratado que institui a União Europeia — Tratado de Lisboa?
Pois bem, não é o número de consultas de aconselhamento realizadas, ou número de mulheres a beneficiar de apoio psicológico após contacto com os serviços de saúde para a realização de IVG, não é tão pouco o número de acompanhamentos por técnico de serviço social e o âmbito deste acompanhamento, também não é o tipo de apoio prestado pelo estado no sentido de, se desejado, prosseguir com a gravidez, Muito menos, poderia ser o número de mulheres que, dada a falta de rede de suporte, pobreza e condição de vulnerabilidade viu na IVG a única possibilidade de lidar com a gravidez que se anunciou, depois de procurar o apoio do Estado, obteve as respostas necessárias para uma melhoria das condições de vida e, consequentemente, a prossecução da gravidez.
O único indicador que, no âmbito do PNI 2011-2013, permite avaliar a implementação da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (Lei n.º 16/2007, de 17 de Abril) é Contabilizar o número dos registos hospitalares sobre IVG efectuados anualmente”. Também poderíamos perguntar porque são necessárias 4 entidades desta envergadura (e, de acordo com o que se lê no PNI, os seus dirigentes)para tal contabilização mas, pretendemos manter um tom sério nesta análise.
Note-se que não estamos a falar do Plano Nacional de Saúde, relativamente ao qual já seria grave não ter contemplado indicador de avaliação mais abrangente. Falamos sim do Plano Nacional para a Igualdade que tem como razão de existir as mulheres portuguesas e a descriminação de que continuam a ser alvo.
A falta de indicadores para a monitorização da Lei da IVG é apenas mais um sinal de que as grávidas, puérparas e lactentes não são uma população prioritária, protegida e defendida pela legislação e serviços. Nem sequer pelos órgãos governamentais criados exclusivamente para dar apoio às mulheres.
Nem necessitamos de sair do âmbito do PNI para corroborar o vazio em que se encontram as grávidas, puérparas, lactantes e as mães portuguesas. Uma leitura geral do plano permite verificar que se podem ler:
- zero vezes a palavra puérpara;
- zero vezes a palavra lactante;
- zero vezes a palavra amamentação e todos as derivações do acto de amamentar;
- uma vez a palavra maternidade – no âmbito da lei da maternidade e da paternidade;
- uma vez a palavra grávida – no âmbito da Lei de Interrupção voluntária da gravidez;
- duas vezes palavra mãe(s)- uma juntamente com a palavra pais e enquanto público alvo para a recepção de um guia destinado às famílias sobre as estratégias de promoção da igualdade de género; outra enquanto “mães sós” como público alvo para a recepção de informação em suportes de comunicação de acesso universal sobre oportunidades de educação, formação profissional, emprego e auto -emprego para grupos com especial vulnerabilidade.
As mães portuguesas sentem-se sozinhas e, infelizmente, estão mesmo sozinhas!

O Início - Conceito Contínuo

O Conceito Contínuo começou por ser a minha obra de referência sobre gestação, parto e parentalidade para, gradualmente, se embrenhar em todas as áreas da minha vida.

No Continuum Concept, no original, Jean Liedloff descreve o dia-a-dia de uma sociedade tribal - os Yequana -e a sua capacidade para a vivência de uma simplicidade e felicidade que, no mundo ocidental há muito se perdeu.

Por continuo humano, entende-se a sequência de experiências que correspondem às expectativas e tendências da espécie humana, num ambiente consistente com aquele no qual essas essas expectativas e tendências se formaram.

Exemplificando, no pós-parto, um recém-nascido tem a expectativa e a tendência natural para repousar no calor do corpo da sua mãe, com ela se aquecer, regular a respiração e por iniciativa própria, procurar o mamilo, mamar e adormecer. Se o parto de ser num ambiente consistente (sem drogas, luzes, pessoas estranhas, frio, intervenções desnecessárias..), esta será a sequência de experiências que irá provocar e vivenciar.

Qualquer animal afastado do seu contínuo, é um ser em sofrimento. Mesmo que, aparentemente, esteja em adaptado às novas condições.

Na sociedade ocidental, os comportamentos são cultural e socialmente influenciados, adaptados, "determinados". As mais básicas das necessidades, como comer e beber - ou o considerado mais natural dos instintos, como o "instinto materno" - são altamente ritualizados e respondem a um sem fim de regras ditadas, quase exclusivamente, pelo intelecto. Já quase nada vai ao encontro das nossas expectativas e do nosso continuo.

Apesar de considerar que pouco havia de inato e instintivo nos nossos comportamentos, nunca me havia questionado sobre as consequências profundas que tal afastamento da nossa condição "animal" poderia ter.
Em cerca de 100 anos introduzimos mais alterações à forma de vida humana - desde o nascimento, passando pelo parto, amamentação, alimentação, educação, organização social, relação com o trabalho, relações sociais, incluindo aqui familiares e comunitárias no geral, habitat... - do que em dois milhões de anos de existência mas, em termos genéticos, pouco mudamos.

A nossa capacidade de pensar e racionalizar a acção é uma qualidade que nos distingue dos restantes mamíferos e, ao mesmo tempo, uma fraqueza que, através de escolhas e erros sucessivos, nos afasta do nosso contínuo enquanto espécie, nos enfraquece, destrói o planeta e nos poderá levar à extinção.

Até hoje, dois anos depois do primeiro contacto com os Yequana, a necessidade de adaptação é constante pois quase nada na minha vida anterior estava em concordância com o que de mais simples, materno e comunitário existe em tod@s nós.

Nos últimos dois anos, na tentativa de responder às expectativas e tendências primordiais - continuum - e de criar o ambiente físico, emocional, intelectual e espiritual (consistente) que facilite as vivências e experiências com ele concordantes, tive a oportunidade de rever questões tão importantes como:
  • todas as minhas acepções sobre concepção, gestação, nascimento, amamentação e cuidados à primeira infância;
  • os conhecimentos prévios sobre disciplina (negativa e positiva) e parentalidade;
  • a falácia dos modelos de parentalidade e educação centrados na criança, incluindo todo o sistema de cuidados à primeira infância e de ensino que criam ambientes artificiais onde as crianças se aglutinam sendo orientadas pelos pares e sem modelos adultos contextualizados;
  • a polaridade feminino/ masculino no indivíduo e no casal;
  • a importância de encontrar o tempo e o espaço para cultivar a oxitocina num mundo que venera a adrenalina;
  • a comunicação (violenta e não violenta) e os modelos hierárquicos em que vivemos e que (in)conscientemente reproduzimos;
  • a noções e vivências da aceitação, gratidão, compaixão, empatia, respeito, amor incondicional e liberdade;
  • o isolamento e individualismo a que nos sujeitamos face à dinâmica tribal e comunitária para a qual fomos concebid@s e na qual nos sentimos preenchid@s;
  • a tendência para viver no passado e/ou no futuro - lamentando o que não tivemos/ fizemos e almejando o que virá - e a importância de estar/agradecer e celebrar o presente;
  • a necessidade de vivenciar os ritmos anuais e viver em comunhão com a natureza;
  • a importância de cultivar a multidimensionalidade do ser nas suas componentes física, intelectual, emocional e espiritual;
  • a capacidade instintiva de procurar o que é belo, bom, útil, o que nutre e o sustentável, em detrimento do tóxico, ruidoso, inútil e insustentável;
  • a necessidade de, diariamente, através da alimentação, padrões emocionais, e hábitos cultivar a saúde e em vez de, unicamente, procurar e responder à doença;
  • a recusa da alopatia como recurso fácil, automático e único;
  • a dicotomia ser/ter, os padrões de consumo que lhe estão subjacentes e a obrigação/sobrevalorização do trabalho remunerado que a sustenta;
  • o cultivo da simplicidade, a todos os níveis;
  • a conexão com a intuição mais profunda, aquela que nos permite tornar inteligíveis as expectativas e implementar as acções que levam à vivência plena do nosso contínuo e que, por repetida negação e aniquilação, nem sempre nos dá as respostas que parecem a mais adequadas.
Todos os dias o meu filho - e as opções conscientes que fizemos para o receber e educar - me apresentam novos desafios que tocam em, pelo menos, um dos pontos acima mencionados.

Tem sido um percurso cheio de descobertas mas também de recuos, tropeções e angústias. Abracei com alegria esta procura do respeito pelo contínuo da minha espécie porque esta é a resposta às necessidades de aceitação e dificuldades adequação, que sentia desde a infância. Mas, foi nesse mundo adverso e difícil que formei os meus hábitos e foi através dele que se construiu a moldura com que ainda hoje observo a realidade.
Foi nele que construí a minha identidade. A integração desta nova percepção e vivência, com todas as variantes que já conheço e todas as que estão para vir, está a passar pela dissolução de uma identidade que levou uma vida a ser construída e que não se esvai sem angústia, tanto para mim como para os que me rodeiam.

Este blog, nasce e desenvolve-se a partir da necessidade de procura, divulgação e partilha de informações e experiências que vão ao encontro do meu (nosso) contínuo e que nos permitam sentir apoiad@s e menos isolad@s nas nossas opções.


Bem Hajam e abrigada pela vossa companhia nesta caminhada!

Há dias assim

Eu sei que se esquecer e perdoar o passado, confiar no futuro e não me comparar com os outros a minha vida é melhor mas... raios... que coisa tão difícil de se pedir a uma mãe, com fome, sono, cansada e a empurrar um carrinho de bebé, montanha acima, por entre carros, barulhos e pedras soltas na calçada. E não, com o sling/manduca/pano a coisa não era melhor porque as costas já não aguentam tantos kg. Pelo próprio pé também não dá ou ainda ficaríamos os dois com mais fome e sono.

Há dias assim.

Este momento #12

{this moment} - Um ritual de Segunda-feira. Uma foto captura um momento simples, especial, extraordinário. Um momento para parar, relaxar, relembrar. Um momento de agradecimento, de aceitação e de paz.

Esta semana estou grata:
- pelas flores, que pela primeira vez em muitos anos, vieram animar a minha varanda;
- pelo cheirinho a primavera;
- pelos Domingos em família;
- pela imaginação do S.
 

Porque são mais os "dias-de-semana" do que os de "fim-de-semana", resolvi mudar e passar a desejar-te uma semana Maravilhosa!
Inspirado por http://www.soulemama.com/

O verdadeiro preço de uma couve

Eu antes de ser agricultora, não podia imaginar o verdadeiro sentido da pressão que existe para exterminar os pequenos agricultores. E não é exagerada a expressão exterminar.Pensava que era possível ser agricultor desde que se soubesse viver com pouco, mas essa não é a realidade a realidade é bem mais dura.
A competitividade é tal, agravada pelas exportações, dumping e subsídios direccionadas só a uma elite que vemos-nos obrigados a vender os nossos produtos a preços que não pagam nem a mão de obra e muitas vezes nem sequer o investimento que fizemos para produzir.
Nisto tudo fico feliz de dizer que contra todas as perspectivas existem agricultores biológicos que por terem outro emprego, por se sacrificarem para lá do humanamente exigido, por tiraram da sua reforma..., etc, vão conseguindo resistir e aparecer nos mercados biológicos com os seus produtos.

Ninguém faz a mínima ideia da gravidade da situação,ninguém tem ideia dos sacrifícios desta profissão. É tão injusto dizer que os preços que são praticados em agricultura biológica são caros, pois exceptuando raras excepções são resultados de trabalho não pago e investimento não reembolsado.

Ora façam as contas:
Um couve biológica passa 6 meses na terra, antes de ser colhida, durantes estes 6 meses, foi preciso:
- semeá-la
- transplantá-la
- cortar as ervas concorrentes
- controlar as pragas
- e por fim colher
- acondicionar
- transportar até ao local de venda

,antes disso foi preciso preparar a terra:
- lavrar ou fresar
- adubar
- criar as camas de cultivo
- montar sistema de rega

Digamos que o agricultor é bastante experiente e tem o processo algo mecanizado ( o que implica ter tractores e máquinas que custam para cima de 50 000€) e que durante estes 6 meses só teve de dedicar no total meia hora do seu tempo aquela couve.

Uma couve em agricultura biológica custa em média 1€/KG e uma couve chega a pesar 800gr mas mais de um kilo nem por isso, pode acontecer.

Agora eu pergunto:
-Quantas pessoas cobram menos de 1€ por meia hora de trabalho, e que com esse 1€ ainda dispensam uma parte para comprar e pagar:
-a semente biológica
-o fertilizante orgânico
- o sistema de rega , o motor e o combustível que o faz funcionar
- as ferramentas de trabalho ( enxada, ancinho, tractor)
- o carro para transportar as mercadorias....
- a certificação
- acondicionamento
-....

É preciso plantar milhares de couves e ter a sorte de ter um bom ano para rentabilizar este tipos de cultura.

Num sistema de agricultura familiar plantam-se de 10 a 1000 couves, neste sistema uma couve custa entre 3 a 10€.

Se você pagar 1€ por esta couve pelo menos não diga ao agricultor que é cara, ele sabe-o bem, é ele que paga os restante 2 a 9€ que são precisos para a produzir, ele sabe bem que é cara.

http://permaculturaportugal.ning.com/profiles/blog/show?id=2722171%3ABlogPost%3A91301&%3BcommentId=2722171%3AComment%3A91873&%3Bxg_source=activity&xg_source=msg_mes_network

Sempre que um julgamento surgir.....

Para sentir compaixão por outras pessoas, precisamos sentir compaixão por nós mesmos. Precisamos nos preocupar, principalmente, com as pessoas que sentem medo, raiva, inveja, que são dominadas por todo tipo de vício, que são arrogantes, orgulhosas, mesquinhas, egoístas, más — você pode escolher. Ter compaixão e carinho por elas significa não fugir da dor de encontrar essas características em si mesmo.

A prática de tonglen é um método para nos conectarmos com o sofrimento — nosso próprio sofrimento e o que nos rodeia onde quer que possamos ir. É um método que nos leva a superar nosso medo da dor e a dissolver a dureza de nosso coração. Acima de tudo, faz despertar a compaixão que é inerente a todos nós, não importa quanto possamos parecer cruéis ou frios.

Iniciamos essa prática recebendo em nós mesmos a dor de alguém que sabemos estar em sofrimento e desejamos ajudar. Se sabemos que uma criança está sofrendo, por exemplo, inspiramos essa dor, desejando que ela se liberte totalmente do pesar e do medo. Quando expiramos, enviamos felicidade, alegria, ou o que lhe traga alívio. Esta é a essência da prática: inspiramos a dor do outro, para que ele possa sentir-se bem e ter mais espaço para relaxar e abrir, e expiramos, transmitindo relaxamento ou aquilo que sentimos que pode trazer alívio e felicidade.

Freqüentemente, entretanto, não conseguimos realizar essa prática porque nos vemos frente a frente com nosso próprio medo, nossa resistência, raiva ou qualquer outro sofrimento pessoal que esteja presente.

Nesse momento, podemos mudar o foco e começar a praticar tonglen por aquilo que estamos sentindo e por milhares de pessoas que, como nós, naquele exato momento, sentem precisamente a mesma impotência e angústia. Talvez sejamos capazes de dar um nome à nossa dor. Reconhecemos claramente o terror, repulsa, raiva ou desejo e vingança. Então, inspiramos por aqueles que estão dominados pelas mesmas emoções e irradiamos alívio ou qualquer outra sensação que proporcione espaço para nós mesmos e para essas incontáveis pessoas. Às vezes, não conseguimos dar um nome ao que estamos sentindo. Mesmo assim, podemos perceber sua presença — um aperto no estômago, uma certa opressão ou o que quer que seja. Simplesmente entramos em contato com o que estamos sentindo e inspiramos, trazendo-o para dentro de nós e fazendo isso por todos. Então, enviamos para fora alívio para todos.

Diz-se, freqüentemente, que essa prática contraria o padrão costumeiro que usamos para não desmoronar. Na verdade, a prática de tonglen realmente se opõe à nossa tendência habitual de querer tudo ao nosso próprio modo, de desejar que tudo dê certo para nós, independente do que aconteça aos outros. Ela desfaz os muros que construímos ao redor de nosso coração, as camadas de autoproteção que lutamos tanto para criar. Usando uma linguagem budista, podemos dizer que dissolve a fixação e o apego do ego.

A prática de tonglen reverte a lógica habitual de evitar o sofrimento e buscar o prazer. Nesse processo, nós nos libertamos de padrões muito antigos de egoísmo. Começamos a sentir amor, tanto por nós mesmos como pelos demais; passamos a cuidar de nós mesmos e dos outros. Tonglen desperta nossa compaixão e nos faz conhecer uma visão muito mais ampla da realidade. 
 
Quando o praticamos, começamos a nos conectar com a vasta dimensão de nosso ser. Inicialmente, deixamos de dar tanta importância a tudo e nossa experiência passa a ser menos sólida do que parecia.


A prática de tonglen pode ser feita para os que estão doentes, para os que estão morrendo ou já morreram, para todos aqueles que, de alguma forma, estão sofrendo. Tonglen pode ser praticado como uma meditação formal, ou em qualquer lugar e a qualquer momento. Estamos passando e vemos alguém em sofrimento — ali mesmo, começamos a inspirar essa dor e a exalar alívio. Ou então, ao ver alguém sofrendo, podemos desviar o olhar. Esse sofrimento desperta nosso medo ou raiva, nossa resistência e confusão. Portanto, naquele exato momento, podemos praticar tonglen por todas as pessoas que, assim como nós, desejam ser corajosas, mas são covardes. Em vez de nos punirmos, podemos usar nossos próprios entraves como o primeiro degrau para compreender o que outras pessoas, no mundo inteiro, estão enfrentando. Inspirar por todos nós e expirar por todos nós. Usar o que parece veneno como remédio.


Podemos usar nosso sofrimento pessoal como um caminho em direção à compaixão por todos os seres.
Quando praticamos tonglen no momento em que nos deparamos com o sofrimento, apenas inspiramos e expiramos — inspiramos a dor, exalamos a amplidão e o alívio.


Quando praticamos tonglen como uma meditação formal, devemos seguir quatro passos:


1. Em primeiro lugar, descanse sua mente por alguns segundos em um estado de abertura ou quietude. Esse estágio é tradicionalmente chamado de lampejo do bodhichitta absoluto, ou de súbita abertura à amplidão e clareza fundamentais.


2. Em seguida, trabalhe com a textura. Inspire o calor, a escuridão e o peso — a sensação de claustrofobia — e expire serenidade, claridade e leveza — a sensação de frescor. Inspire profundamente, por todos os poros, e expire, irradie completamente, usando todos os poros de seu corpo. Faça isso até que essas sensações estejam sincronizadas com sua inspiração e expiração.


3. No passo seguinte, trabalhe uma situação pessoal — qualquer situação dolorosa que seja real para você. Tradicionalmente, começa-se praticando tonglen por alguém com quem nos preocupamos e que queremos ajudar. Entretanto, como já mencionei, quando seus próprios problemas o impedem de prosseguir, você pode realizar a prática pela dor que está sentindo e, simultaneamente, por todos aqueles que, como você, passam pelo mesmo tipo de sofrimento. Por exemplo, se está se sentindo incapaz, inspire essa sensação, por si mesmo e pelos outros que estão no mesmo barco, e exale confiança, sentimento de ser capaz ou de alívio, da forma que desejar.


4. Finalmente, torne esse processo mais abrangente. Se você está praticando tonglen por alguém que ama, estenda a prática a todos aqueles por quem nutre o mesmo sentimento. Se está praticando por alguém que viu na televisão ou na rua, faça o mesmo por todos os que estão em situação semelhante. Não se limite a uma única pessoa. Talvez já seja suficiente praticar por todos aqueles que, como você, estão dominados pela raiva, medo, ou por qualquer outro sentimento que também o aprisione. Entretanto, em todos esses casos, você pode ir além. Você pode praticar tonglen por aqueles que considera inimigos — aqueles que o ferem ou ferem alguém. Faça tonglen por eles, pense neles como dominados pela mesma confusão e impotência que vê em si mesmo e naqueles que ama. Inspire a dor deles, expire alívio.



A prática de tonglen pode ser infinitamente ampliada. À medida que pratica, gradualmente e ao longo do tempo, verá que sua compaixão naturalmente se expande, e o mesmo acontece com a percepção de que as coisas não são tão sólidas quanto você pensava. À medida que pratica, gradualmente e em seu próprio ritmo, ficará surpreso ao perceber-se cada vez mais capaz de ajudar os outros, mesmo em situações que pareciam insolúveis.

Yoga e menstruação

Activismo menstrual

 "O começo de tudo, acreditam as activistas, é falar sobre o assunto."

"Algumas meninas sequer sabiam do que se tratava. Mulheres contam que, mesmo hoje, ainda sentem certa vergonha ao pedir absorventes em uma farmácia. De fato, acho que falamos muito sobre a tensão pré-menstrual, mas pouco sobre a menstruação em si."

" Trata-se de um poder da natureza, (...) Aprender a conviver com ela pode ser transformador (...) o período menstrual é um momento de desacelerar e fazer um check-in interno. “O que aconteceu neste último capítulo da minha vida? O que meu corpo está me dizendo? Se eu tive um mês ruim, estressante, a menstruação sempre é mais dolorida, o fluxo maior. É um sinal de que eu não estive atenta às minhas necessidades” (...)“Eu creio em Sensibilidade Pré-Menstrual: uma vez por mês eu entro em uma sintonia maior com meus sentimentos e intuições. Minha menstruação não é suja – é sagrada”.

in http://segundavermelha.blogspot.com/

“the Monday before Mother’s Day..
.because menstruation 
comes before motherhood...
and usually long after it, too.”

~ brought to you by MOLT

Nunca tinha ouvido falar em activismo menstrual mas diz-se que só quem procura encontra, não é verdade? Cá está um novo campo de "investigação".

http://community.wegohealth.com/profiles/blogs/sangue-menstrual-e-o-novo (células estaminais no sangue menstrual - muito mais sobre isto no google)
http://livrosfeministas.wordpress.com/2006/12/26/se-os-homens-menstruassem (hihiiihiiihiihihihiiiii)
/http://www.deannalam.com/deannalam_001.htm (bom para quem tem filhas)
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/gaiatos/terra-fertil-sangue-menstrual-242993_post.shtml (sangue da menstruação bom fertilizante para plantas)
http://bioabsorventesecologicos.blogspot.com/http://duplamentevenusiana.blogspot.com/2010/05/segunda-feira-vermelha.html
http://cynthiasemiramis.org/2010/05/06/segunda-vermelha-menstruacao-e-misoginia/
http://segundavermelha.blogspot.com/
http://sangremenstrual.wordpress.com/
http://www.mooninsideyou.com/
http://www.mum.org/
http://mulhersagrada.blogspot.com/
http://www.cladosciclossagrados.com/
http://ayurvedaparamulheres.blogspot.com/
http://www.periodpiece.blogspot.com/
http://sangremenstrual.wordpress.com/
http://www.flickr.com/photos/lily_photo_art/5179430466/in/pool-1034500@N24 (Este é hilariante))
http://www.moltx.org/mmindex1.html
http://guerreirainterior.blogspot.com/2010/02/campanha-segunda-vermelha-2010.html

Já isto, é-me muito familiar 

"o ciclo menstrual é um grande presente em termos de flexibilidade, regeneração e criatividade. “É um instrumento poderoso para se viver autenticamente, com responsabilidade e consciência (...) ferecer o sangue à terra desperta o sentimento de gratidão pela vida, a conexão com todas as suas manifestações e o respeito pela conservação de tudo quanto é vivo. A mulher não mais se sente separada ou isolada da Natureza, ela interage com ela de uma maneira profunda e comovente, nutrindo o solo com seu sangue rico em hormônios e expressando assim sua gratidão pelo dom da vida”.

in http://teiadethea.org/?q=node/182

Estou pronta!

Inspiração Janeiro 2011 | Lua do Lobo

http://www.cladosciclossagrados.com/
http://circulosagradodevisoesfemininas.blogspot.com/
http://www.facebook.com/pages/Circulo-do-Ventre-Sagrado

I've seen the village and I don't want it raising my kids!

Em tempos, escrevi um longo texto com base na frase "para criar uma criança é necessária uma aldeia inteira" à qual acrescentei a interrogação " e tu, vives numa aldeia inteira?"
Na altura, propunha-me a mudar Lisboa para que esta se tornasse numa "aldeia inteira".
Hoje tomei conhecimento de uma frase que se diz nos EUA: "I've seen the village and I don't want it raising my kids!"
Esta nova frase fez-me rir. Acho que descreve muito melhor a minha actual relação com a cidade do que a primeira.




Educação Biocêntrica

Fonte:http://www.pensamentobiocentrico.com.br

Ana Maria Borges de Sousa – “Ana Baiana”
Professora do Centro de Ciências da Educação
Universidade Federal de Santa Catarina


"A Educação Biocêntrica necessita ter uma intencio-nalidade: promover a (re)educação afetiva de homens e mulheres, para que estes possam resgatar sua sensorialida-de viva e requerer, em comunhão com os seus semelhantes e com a natureza, a construção de uma sociedade altruísta. Somente (re)educados afetivamente, esses adultos aprenderão a importância de educar as suas crianças para a auto-aceitação e o auto-respeito, condições indispensáveis para que elas aceitem a diversidade da vida, respeitem todas as manifestações que pulsam no universo, se tornem adultos livres e com responsabilidade social.
Aninhado nesse sentido, Marcos Cavalcante (2001: 93) afirma que podemos reconhecer a Educação Biocêntrica como uma tendência evolucionária que visa à integração do indivíduo, orientado por sua autoconsciência e constituído em suas relações altruístas, o que cria as possibilidades para o seu desenvolvimento e para a expressão de suas potencialidades instintivas. Para o autor, a Educação Biocêntrica estimula, no indivíduo, a vinculação com a vida e isso acontece a partir da relação consigo, com o outro e com o meio. Ao acordar o seu SER adormecido, ativamos seus instintos originais e gregários determinados biologicamente, notadamente sufocados e condicionados pela cultura da dissimulação, do disfarce dos sentimentos e dissociação do corpo, identificadas nas relações dicotômicas vividas na era moderna.
Ou seja, a Educação Biocêntrica, enquanto uma prática pedagógica traz como referencial imediato, a vida em todas as suas dimensões e assume que é o Princípio Biocêntrico (Rolando Toro, 2005) o seu paradigma fundamental, porque este se inspira nas leis universais existentes para conservar os sistemas vivos e tornar possível a sua evolução. Nessa concepção, o Universo é constituído por uma abrangência relacional que abraça a totalidade da vida, por isso, o universo existe porque existe a vida, e não o contrário.
Para mim, a Educação Biocêntrica é um PORTAL de recuperação de nossa humanidade, hoje desconfigurada pelo estilo de viver patológico e que está latente em cada fio do tecido social. Como um PORTAL, penso que a Educação Biocêntrica não quer se apresentar como um modelo substitutivo às demais práticas educativas, mas como um paradigma teórico-prático evolucionário. E como tal, se inspira numa radicalidade ético-estética, cujo fundamento é a defesa incondicional da vida em todas as suas expressões. Isso me convida a intuir então, que a Educação Biocêntrica é um paradigma do cuidado e pode promover a cura (no sentido proposto por Heidegger, 2005) das práticas educativas, como mediação pedagógica fundante de um novo modo de ser-estar-no-mundo (Mafessoli, 1996), em comunhão com a vida."

via http://permaculturaportugal.ning.com/forum/topics/criar-uma-escola?groupUrl=ensinosemidomestico&id=2722171%3ATopic%3A88685&groupId=2722171%3AGroup%3A83789&page=6#comments

Eu (não) sou a melhor mãe do mundo. Tu (não) és a melhor mãe do mundo - Parte I


Esta semana, uma das leitoras do blog questionou de uma forma muito simpática, se os meus textos não contemplariam um certo julgamento, sentimento de superioridade pelas minhas práticas parentais e/ou pena pelas crianças cujos pais não pensam/agem como eu.
Na altura, respondi prontamente que não, que não é essa a minha perspectiva e que sei que o mais importante é o amor. O amor tudo suplanta e a falta dele tudo pode destruir.
Respondi também que, de futuro, iria ter o cuidado de não deixar passar essa sensação nos meus textos.
Dito isto, fui fazer o almoço e, à medida que ia colocando os ingredientes na panela, começou a crescer em mim uma certa indignação pela resposta que dei ao comentário. Não havia sido honesta. Afinal pensei eu, todos nós, em várias áreas da nossa vida, consideramos que as nossas crenças, opções e práticas são as melhores, consideramos que somos especiais porque fazemos isto ou aquilo melhor, ou particularmente bem. Negar que, relativamente a algumas opções e práticas parentais, me sinto diferente, melhor ou especial, foi uma atitude hipócrita.
No segundo em que este pensamento me assolou fui imediatamente abalada por um duplo desconforto: primeiro, o desconforto de admitir que estes sentimentos de suposta superioridade fazem parte de mim; em segundo lugar, o desconforto que acarreta qualquer tipo de comparação, i.e., no momento em que torno os julgamentos conscientes estou julgar-me a mim mesma num Spectrum onde poderá haver muito “pior” do que eu e muito “melhor” do que eu.
Não quero com isto dizer que eu penso que sou melhor mãe do que a Tira ou a Ticha. Não é isso. O que tenho que admitir é que considero que as práticas X ou Y são melhores para a condição humana do que as práticas K ou Z e isto encerra em si um julgamento que não quero fazer.
Exemplificando, eu era fumadora e deixar de fumar foi-me muito difícil, aliás, ainda é. Igualmente difícil é impedir este julgamento automático e silencioso que emito sempre que vejo uma grávida/mãe a fumar. Não quero com isto dizer que penso “eu sou melhor do que ela porque deixei de fumar” mas pensarei algo como “como é que sabendo do mal que o cigarro faz ao bebé ela continua a fumar” ou “será que tentou deixar de fumar? Coitada, se calhar não consegue” seguido de “coitado do bebé que está a receber todo aquele fumo.” Geralmente esta cascata de pensamentos termina com algo como “que bom que deixei de fumar”, “que sortudos somos”.
Será que sou a única mãe a experimentar este sentimento de estar a fazer “a coisa certa” implicando que os outros estão errados, a experimentar este sentimento de superioridade, ou de orgulho? O que fazer para transmutar estes sentimentos para algo de positivo para toda a gente? Foram estas a questões que coloquei às queridas mães com quem partilho e de quem recebo importantes reflexões sobre a maternidade.
Os conselhos e questionamentos que se seguiram são tão surpreendentes e iluminadores que não resisto a partilha-los com quem lê este blog (especialmente contigo, querida Marina, a quem agradeço, novamente, a coragem de fazer a pergunta certa).
Várias das mães responderam que às vezes julgam outras mães ou pais por terem escolhido um caminho deferente do seu. Esta tendência para julgar, comparar, valorar, tende a desaparecer à medida que as crianças vão crescendo ou o nº de filhos vai aumentando.
Quando somos mães, acedemos a um manancial de informação que jamais havíamos vislumbrado. De toda a informação disponível, escolhemos a que mais se adequa à nossa situação, possibilidades e crenças e daí a sentirmos a urgência de a transmitir a toda a gente que encontramos pelo caminho, é um passo. Possivelmente é este sentimento que está subjacente aos intermináveis conselhos que ouvimos desde que engravidamos. Toda a gente parece ter uma opinião ou saber o que é melhor para um bebé. Toda a gente seleccionou a informação que mais se adequa à sua situação e segue, vida fora, a transmiti-la a toda a gente como sendo verdade absoluta. Foi este sentimento da necessidade de permitir que os outros possam aceder a informação que para mim é tão valiosa que me levou a iniciar este blog. Penso que será esta a necessidade subjacente à existência da maioria dos blogs alimentados por mamãs.

Mas, esta é uma área mesmo muito sensível. Ninguém fica chocado se a pessoa A considerar que canta melhor, dança melhor, se veste melhor, controla melhor as poupanças, cozinha melhor, comunica melhor, conduz melhor, se alimenta melhor … do que a pessoa B. Mas, ao transpor esta escala de valoração para as opções parentais as coisas complicam-se.
O que torna a valoração das práticas parentais tão desadequada?
Todas as mães fazem o melhor que podem com os instrumentos/conhecimentos de que dispõe. Podemos dar o exemplo da mãe que fuma activamente durante toda a gravidez. Subjacentes, estarão pensamentos como “mal consigo lidar com todos os problemas que tenho e com a gravidez como é que ainda vou conseguir deixar de fumar” ou “vou fumar e não quero saber se isso faz mal aos meus filhos porque não os amo”? A resposta parece óbvia e facilmente se percebe porque se torna impossível fazer julgamentos.
Parece óbvio que a mãe que fuma durante toda a gravidez está a prejudicar a sua saúde e a do seu filho mas muitas das práticas desta mesma mãe poderão garantir uma vida mais saudável e feliz do que, por exemplo, as de uma mãe não fumadora mas emocionalmente distante e fria (podemos multiplicar os exemplos quase até ao infinito).
Assim sendo, uma das formas de ultrapassar o julgamento inicial é pensar sempre “o que é que esta pessoa tem para me ensinar?”, “o que é que esta pessoa tem/ faz que é único e especial?” Todas as pessoas e todas as mães tem algo de especial, basta procurarmos em vez de nos centrarmos no que pensamos que estão a fazer mal.
Uma das situações que mais me impele a julgamentos é quando uma mãe diz – continuando com o exemplo do tabaco – “eu gostava de deixar de fumar mas não consigo”. Eu, que deixei mesmo de fumar a muito custo penso automaticamente “isso dizes tu. Não paras porque não queres/ esforças”. Uma das sugestões que me deram para conseguir ultrapassar este julgamento automático foi a de pensar em que áreas da minha vida eu também “gostaria de…” mas ainda não estou conscientemente disposta a empreender, a fazer um esforço grande para mudar e pagar o preço dessa mudança? Seguramente há várias áreas em que me sinto na mesma situação e experimentar esse sentimento é a forma mais simples de imediatamente compreender pelo que aquela mãe está a passar.
Outra ferramenta muito útil é a de pensar em que é que as minhas práticas e opções são recrimináveis aos olhos dos outros? Ou quais as minhas práticas e opções totalmente erradas para os outros? Exemplificando, eu escolhi dormir com o meu filho. Li, reli, conversei com outras mães, convenci-me de que é o melhor e lá estamos nós a dormir juntos. Eu posso garantir, com 100% de segurança que é o melhor para o mim e para o meu filho (nem vou explanar aqui os motivos) e tendia a sentir-me triste quando alguém me julgava por esta opção e irritada quando alguém me tentava convencer do contrário. Isto porque eu não me deixei simplesmente levar pela corrente, eu escolhi fazer o que considerei ser o melhor.
Ora, sabemos que correntes teóricas há muitas, livros e especialistas também e que cada um sente as coisas à sua maneira. Uma mãe que leu e releu, conversou com especialistas e outras mães e que decidiu, escolheu, não dormir com o seu filho, também está 100% segura de que está a fazer a melhor opção e também se sentirá triste e julgada com as críticas externas. Também ela não se deixou levar pela corrente, também ela escolheu fazer o que considerou ser o melhor.